São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2011

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ANÁLISE CARNES

Preço da carne bovina para os consumidores não vai cair já

JOSÉ VICENTE FERRAZ
ESPECIAL PARA A FOLHA

No primeiro trimestre deste ano, o preço médio de dez cortes bovinos comercializados no varejo da cidade de São Paulo recuou cerca de 11% nos supermercados e 5% nos açougues.
Essa queda ocorre após o pico alcançado em dezembro passado, refletindo, por sua vez, o pico histórico da arroba em novembro de 2010.
No último trimestre do ano passado, a média de preços dos dez cortes bovinos mais comercializados na cidade de São Paulo havia subido cerca de 18% tanto nos supermercados como nos açougues (no ano, houve altas de 41% nos supermercados e de 36% nos açougues).
Durante os últimos dez meses de 2010, os preços em toda a cadeia produtiva da carne bovina (produtor, atacado e varejo) estiveram bastante pressionados para cima, essencialmente devido a uma forte escassez de oferta de animais prontos para o abate, devido ao grande abate de matrizes entre 2004/6.
Um dado interessante e que coloca em xeque a tese largamente difundida de que o varejo está ampliando suas margens relativas sobre os outros elos da cadeia produtiva é o de que os preços pagos aos produtores no Estado de São Paulo subiram mais de 100% entre janeiro de 2006 e março de 2011, enquanto a média paga pelos consumidores no varejo subia cerca de 83% nos supermercados e 95% nos açougues, no mesmo período.
Esse dado não permite concluir que o produtor primário é o que mais ganha na cadeia produtiva, visto que, para tanto, teriam de ser considerados seus custos e observar que o dado foi calculado em período de destacada alta de preço -se fosse calculado incluindo também um período de baixa, levaria a resultados bastante diferentes.
Em tempos em que a inflação começa a causar abalos nos orçamentos domésticos, parece interessante tentar prever se a tendência de redução dos preços pagos pelos consumidores pela carne bovina poderá ter continuidade nos próximos meses.
Infelizmente, parece mais provável que as quedas de preços não se sustentem, pois os preços pagos pelos animais para abater pararam de recuar. Nessas circunstâncias, é muito provável também que os preços pagos no varejo voltem a subir.

JOSÉ VICENTE FERRAZ é engenheiro-agrônomo e diretor técnico da Informa Economics FNP.


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