São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2011

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RODOLFO LANDIM

Reservas de petróleo


O conceito é também usado em situações ondeum elevado grau de incerteza está presente


A palavra reserva, muito empregada na indústria de petróleo, é na realidade um termo genérico que possui mais de um significado, envolve diferentes classificações e conceitos, e que por essa razão às vezes dificulta a correta compreensão do seu significado.
Uma das utilizações do termo reserva está associada ao volume de óleo já produzido e estocado normalmente em cavernas subterrâneas, utilizado como garantia física para a produção de derivados.
Assim, costumeiramente ouvimos dizer que países resolveram aumentar o nível de suas reservas estratégicas de petróleo, algo que costuma acontecer em períodos de crises políticas mundiais que possam colocar em risco o abastecimento de petróleo a países com nível de dependência acentuado.
Mas o emprego mais usual do termo reserva está associado ao volume físico que ainda poderá ser produzido de rochas porosas e permeáveis impregnadas de petróleo a centenas ou milhares de metros de profundidade, chamadas tecnicamente de reservatórios. E a primeira coisa a ter em mente é que ninguém pode saber ao certo o valor das reservas. Portanto, todos os números são estimados. O volume total estimado de óleo existente em um reservatório é chamado de óleo "in place".
Devido às características dos reservatórios e a limitações tecnológicas, apenas uma fração desse óleo poderá ser trazida à superfície pelos poços perfurados nos campos de petróleo ao longo da sua vida produtiva -o chamado volume recuperável. Se descontarmos do volume recuperável o volume já produzido, chegaremos ao que é considerado reserva.
Reservas são então estimativas das quantidades de petróleo que poderão ser comercialmente recuperáveis dos campos de petróleo.
As reservas devem satisfazer aos seguintes critérios: terem sido descobertas através de um ou mais poços exploratórios, serem volumes recuperáveis através da utilização de tecnologias existentes, serem comercialmente viáveis e estarem nos reservatórios em subsuperfície.
As reservas podem ser classificadas quanto ao grau de certeza de sua existência. Reservas provadas, também conhecidas como 1P ou P90, são aquelas que podem ser produzidas com alto nível de garantia, isto é, mais de 90% de certeza.
As reservas não provadas são baseadas em dados geológicos e de engenharia semelhantes aos usados para calcular reservas provadas, mas que, devido a incertezas técnicas, contratuais ou regulatórias, não são consideradas provadas.
Elas podem ser subdivididas em reservas prováveis e possíveis. Usualmente, é atribuída a reservas prováveis a probabilidade de 50% de existência e à sigla 2P o somatório das reservas provadas e prováveis.
Analogamente, reservas possíveis são aquelas a que se atribui pelo menos 10% de certeza de serem produzidas e à sigla 3P o somatório das reservas provadas, prováveis e possíveis. Outra classificação importante das reservas é quanto ao grau de desenvolvimento.
Reservas desenvolvidas são aquelas onde os investimentos necessários à implantação das instalações para a produção de petróleo já foram executadas. Já as não desenvolvidas são aquelas em que todo o plano de desenvolvimento necessita ser implantado.
O conceito de reserva é também usado mesmo em situações onde um elevado grau de incerteza está presente. É o caso de prospectos exploratórios, que são oportunidades identificadas por geólogos e geofísicos para a perfuração de poços exploratórios com o objetivo de encontrar novas acumulações.
Nesse caso são feitas análises probabilísticas dos diversos parâmetros que influenciam as reservas -como a área do possível campo, espessura do intervalo com óleo, porosidade etc.-, de forma a avaliar estatisticamente os volumes mais prováveis de reservas a serem descobertas. A esses volumes é dado o nome de potencial geológico ou também recursos potenciais.
O valor das companhias de petróleo está diretamente ligado às suas reservas, e a compreensão desse tema é muito importante para a correta avaliação das mesmas.

RODOLFO LANDIM, 54, engenheiro-civil e de petróleo, é presidente da YXC Oil & Gas e sócio-diretor da Mare Investimentos. Trabalhou na Petrobras, onde, entre outras funções, foi diretor-gerente de exploração e produção e presidente da Petrobras Distribuidora. Escreve, às sextas-feiras, a cada duas semanas, nesta coluna.

AMANHÃ EM MERCADO:
Kátia Abreu


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