São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2010

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Tombini quer meta de inflação menor

Futuro presidente do BC defende que Brasil defina patamar abaixo de 4,5% para acompanhar média de outros países

Em comissão do Senado, Tombini defendeu mais uma vez a obrigação do Banco Central com a estabilidade de preços

Sergio Lima/Folhapress
Alexandre Tombini (esq.) é cumprimentado pelo senador Pedro Simon, ao lado de Garibaldi Alves e Aloizio Mercadante

NEY HAYASHI DA CRUZ
DE BRASÍLIA

O futuro presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, defendeu ontem que o governo trabalhe para que a meta de inflação seja reduzida do atual patamar de 4,5%, de maneira a se aproximar da média adotada em outros países.
Em tese, uma meta de inflação mais baixa significa juros mais altos para que os preços sejam mantidos sob controle. Há quem argumente, por outro lado, que o fato de o governo adotar uma meta menor ajuda a induzir o setor privado a crer que a inflação vai, de fato, ser mais baixa, o que poderia reduzir o ritmo de reajustes de preços.
A declaração foi dada pelo economista durante sabatina realizada na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Tombini, indicado para o comando do Banco Central pela presidente eleita, Dilma Rousseff, voltou a defender o compromisso da instituição com a estabilidade de preços.
Ele fez elogios ao atual comandante do BC, Henrique Meirelles, e repetiu palavras já usadas por Meirelles ao defender que a instituição persiga "de forma incansável e intransigente" o compromisso com o cumprimento das metas de inflação.
"Para isso, a presidente eleita conferiu autonomia operacional plena ao Banco Central para perseguir o objetivo pretendido pelo governo, por meio do CMN (Conselho Monetário Nacional), de meta de inflação medida pelo IPCA de 4,5% para os próximos dois anos", afirmou.
Ao falar sobre o tema, porém, Tombini defendeu que, passado esse prazo, discuta-se uma redução na meta traçada pelo governo.
"Precisamos construir as condições necessárias para, no futuro, convergir a nossa meta de inflação para o padrão observado nas principais economias emergentes", disse o economista, sem entrar em mais detalhes.
Levantamento feito pela Fazenda em setembro mostrava que, dos países do G20, 11 apresentavam inflação abaixo dos 4,5% perseguidos como meta pelo BC.
Tombini também defendeu a política fiscal e o sistema de câmbio flutuante adotados pelo governo, embora, sobre esse último assunto, tenha ressaltado que, em momentos como o atual, intervenções mais fortes do governo se justificam para evitar valorização maior do real.

APROVADO
Funcionário de carreira do BC, Tombini ocupa hoje a diretoria de Normas da instituição. Ontem, por 22 votos a 1, seu nome foi aprovado em votação secreta pela Comissão de Assuntos Econômicos. Antes de tomar posse, ainda precisa passar pelo crivo do plenário do Senado.
O economista recebeu elogios não apenas de senadores da base aliada, mas também da oposição.
O tucano Tasso Jereissati (CE), por exemplo, disse-se tranquilo ao saber que "o Banco Central estará em mãos bastante competentes" com a indicação de Tombini.
Apesar de 23 senadores terem participado da votação de ontem, apenas 8 fizeram perguntas a Tombini.


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