São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2010

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Lula rebate Mantega, mas Bernardo diz que existe "abacaxi"

Presidente afirma que não haverá corte em obras do PAC por causa do ajuste, e ministro da Fazenda recua

No mesmo dia, porém, titular do Planejamento reconhece que receita prevista no Orçamento está superestimada

DO ENVIADO AO RIO
DE BRASÍLIA


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não entrarão na lista de cortes do novo ajuste fiscal planejado pelo governo.
A fala de Lula contrasta com declarações de Guido Mantega (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento), que devem integrar o governo de Dilma Rousseff.
No primeiro gesto concreto do ajuste fiscal prometido para o próximo ano, o governo reconheceu ontem que as receitas do projeto de Orçamento estão superestimadas.
Segundo a informação prestada ao Congresso, já há necessidade de reduzir em R$ 7 bilhões as despesas propostas pelo Executivo.
Tradicionalmente, o Congresso infla as receitas projetadas e as despesas autorizadas no Orçamento -o que leva o governo a promover cortes posteriores.
É a primeira vez na administração de Luiz Inácio Lula da Silva, porém, que o próprio Executivo avalia ter errado nos cálculos antes da votação do texto.
"Estamos deixando um abacaxi para o Congresso", disse Paulo Bernardo, após encontro sobre o tema com congressistas.

MAL-ENTENDIDO
"Vocês estão vendo minha fisionomia? Acham que eu estou com ar de que vai ser cortado algum centavo do PAC? Hoje o Guido teve de falar com dois presidentes ao mesmo tempo. Liguei para ele quando ele estava conversando com a Dilma sobre o tema", disse Lula no Rio.
O presidente afirmou que Mantega foi mal interpretado ao falar dos cortes.
"Eu não vou estar mais no governo e o que falo aqui morre em 31 de dezembro à meia-noite. Mas, pelo que conheço do Mantega e da Dilma, tenho certeza que não serão cortadas obras do PAC", afirmou Lula.
Um dia antes, Mantega afirmou que "o PAC pode ser que tenha alguma postergação". "É mais uma questão de ritmo: dar prioridade aos projetos que já estão em andamento", completou.
Em nota, Mantega declarou ontem que Lula "tem razão quando diz que o objetivo dos cortes no custeio "é aumentar investimento em infraestrutura'".
O total de cortes, visando abrir espaço para a redução da dívida pública e dos juros, ainda não está definido. Mas se dará dentro das despesas administrativas anuais do governo de R$ 520 bilhões (exceto Previdência).
Até 2008, a arrecadação de impostos, taxas e contribuições sociais vinha crescendo mais do que a economia do país, mesmo sem aumento de alíquotas e após a derrubada da antiga CPMF.
Desde então, a receita da União ficou praticamente estagnada como proporção do PIB, mas o governo continuou contando com altas da receita em 2010 e 2011.


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