São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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Estatal do chip de R$ 500 mi está parada

Fábrica inaugurada por Lula em fevereiro no Rio Grande do Sul ainda aguarda instalação de equipamentos

Direção da primeira fábrica de chip no Brasil diz que os primeiros componentes só saem da linha no ano que vem

DE SÃO PAULO

O Ceitec S.A. é a primeira fábrica de chip no Brasil. Foi inaugurada em fevereiro pelo presidente Lula, mas ainda não tem produção de componentes. A unidade, na qual o governo brasileiro já injetou R$ 500 milhões, só deve produzir em 2011.
Cylon Gonçalves da Silva, presidente do Ceitec S.A., explica que ainda faltam equipamentos para iniciar a produção dos primeiros circuitos integrados. O único setor ativo é aquele responsável pelo desenho do chip, o design. Mas todos os componentes desenhados estão sendo montados fora do país.
A estatal faz parte dos esforços da PDP (a política industrial do governo Lula) de fundar no país uma cadeia industrial para produção de semicondutores. Além dessa unidade, etapa crítica da cadeia do chip, o BNDES negocia a instalação de projetos privados no país. Quais, o banco não informa.

TAMANHO DA CONTA
"O painel acendeu", diz Henrique Miguel, coordenador de microeletrônica do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia). O aumento da demanda de semicondutores e agregados eleva a US$ 10 bilhões o deficit.
No primeiro semestre, só as compras de chips custaram US$ 2 bilhões, US$ 800 milhões a mais do que o gasto no mesmo período do ano passado. Mas chip é só parte do problema. As telas são outra dor de cabeça.
Segundo Victor Mammana, coordenador do grupo de displays da política industrial do governo, o país consome hoje 70 milhões de telas por ano. Número que inclui de TVs a celulares, de mostradores em eletrodomésticos a telas usadas nos jatos da Embraer. A dependência externa é total.
A demanda por televisores chegará a 11 milhões neste ano. Pela primeira vez, mais de 50% será de LCD ou plasma. "Nossa importação de displays em 2009 atingiu US$ 1 bilhão, e isso é extremamente preocupante", afirma Miguel. Entre janeiro e julho deste ano, o país já gastou US$ 741 milhões.
O próprio BNDES tem mostrado (veja tabela) o crescente deficit do complexo eletrônico. O governo teme o efeito que a nova demanda representará para as contas da balança comercial. O tempo não é favorável ao país. (AB)


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