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Estatal do chip de R$ 500 mi está parada
Fábrica inaugurada por Lula em fevereiro no Rio Grande do Sul ainda aguarda instalação de equipamentos
Direção da primeira fábrica de chip no Brasil diz que os primeiros componentes só saem da linha no ano que vem
DE SÃO PAULO
O Ceitec S.A. é a primeira
fábrica de chip no Brasil. Foi
inaugurada em fevereiro pelo presidente Lula, mas ainda não tem produção de
componentes. A unidade, na
qual o governo brasileiro já
injetou R$ 500 milhões, só
deve produzir em 2011.
Cylon Gonçalves da Silva,
presidente do Ceitec S.A., explica que ainda faltam equipamentos para iniciar a produção dos primeiros circuitos integrados. O único setor
ativo é aquele responsável
pelo desenho do chip, o design. Mas todos os componentes desenhados estão
sendo montados fora do país.
A estatal faz parte dos esforços da PDP (a política industrial do governo Lula) de
fundar no país uma cadeia
industrial para produção de
semicondutores. Além dessa
unidade, etapa crítica da cadeia do chip, o BNDES negocia a instalação de projetos
privados no país. Quais, o
banco não informa.
TAMANHO DA CONTA
"O painel acendeu", diz
Henrique Miguel, coordenador de microeletrônica do
MCT (Ministério da Ciência e
Tecnologia). O aumento da
demanda de semicondutores
e agregados eleva a US$ 10
bilhões o deficit.
No primeiro semestre, só
as compras de chips custaram US$ 2 bilhões, US$ 800
milhões a mais do que o gasto no mesmo período do ano
passado. Mas chip é só parte
do problema. As telas são outra dor de cabeça.
Segundo Victor Mammana, coordenador do grupo de
displays da política industrial do governo, o país consome hoje 70 milhões de telas por ano. Número que inclui de TVs a celulares, de
mostradores em eletrodomésticos a telas usadas nos
jatos da Embraer. A dependência externa é total.
A demanda por televisores
chegará a 11 milhões neste
ano. Pela primeira vez, mais
de 50% será de LCD ou plasma. "Nossa importação de
displays em 2009 atingiu
US$ 1 bilhão, e isso é extremamente preocupante", afirma Miguel. Entre janeiro e julho deste ano, o país já gastou US$ 741 milhões.
O próprio BNDES tem mostrado (veja tabela) o crescente deficit do complexo eletrônico. O governo teme o efeito
que a nova demanda representará para as contas da balança comercial. O tempo
não é favorável ao país.
(AB)
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