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Commodities
País investe pouco em pesquisa mineral
Brasil investe 15 vezes menos que Peru em mapeamento do solo, apesar de setor ter US$ 62 bi em novos projetos
Brasil responde por 3% do total gasto no mundo para mapear novas descobertas, segundo instituto especializado
PEDRO SOARES
DO RIO
Dentre os países com tradição e relevância na produção
de minérios, o Brasil é um
dos que menos investem em
pesquisa para mapear o potencial de novas reservas e
na descoberta e delimitação
de jazidas minerais.
Do bolo total gasto em
2009 no mundo, o país correspondeu a apenas 3%, enquanto Canadá e Austrália,
por exemplo, representaram
16% e 13% , respectivamente,
de acordo com as estatísticas
do Ibram (Instituto Brasileiro
de Mineração).
Considerando o território
de cada país, o Peru investiu
15 vezes mais do que o Brasil.
O Chile, 18 vezes.
Um dos problemas principais é a falta da chamada
pesquisa geológica básica do
solo brasileiro, que indica o
potencial de descoberta de
minerais e é uma atribuição
do Estado.
Apenas 18% do território
tem cobertura numa escala
que permite identificar a presença de jazidas.
"Isso reduz drasticamente
o interesse de empresas estrangeiras a se instalarem e
investirem no país", diz Paulo Camillo Penna, presidente
do Ibram.
PESQUISA BÁSICA
Para José Guedes, assessor
da presidência da CPRM (estatal responsável pela pesquisa mineral), o governo
ainda investe pouco em levantamento geológico básico -o que desestimula as
empresas a se lançarem à
pesquisa mais detalhada para delimitar as jazidas.
Foram gastos R$ 132 milhões entre 2005 a 2008, ante
desembolso de R$ 13 milhões
de 2000 a 2004.
"O Brasil tem de mostrar
que é um bom lugar para investir, mas falta informação
básica e há ainda uma demora grande na concessão de lavras que são descobertas",
afirma ele.
Responsável por 50% do
saldo da balança comercial
em 2009, o setor mineral receberá investimentos de US$
62 bilhões até 2014 -cifra
que poderia ser maior com a
ampliação da pesquisa, segundo o Ibram.
Uma das alavancas da pesquisa mineral no Canadá,
por exemplo, é o trabalho de
empresas que estão dedicadas apenas à descoberta de
reservas, vendidas depois a
grandes mineradoras.
Lá, há estímulo fiscal na
compra de ações dessas companhias lançadas na Bolsa
de Toronto. As poucas que
atuam no Brasil estão associadas justamente com empresas canadenses.
VALE
Diante da falta de investimento público, a Vale realiza
por sua conta o levantamento geológico básico de todas
as suas áreas de concessão
-e torna os dados públicos
para outros usos, como a obtenção de recursos hídricos.
Para 2011, a mineradora
tem reservados US$ 621 milhões para toda a área de pesquisa e exploração mineral
-70% a ser gasto no Brasil.
Para Eduardo Ledsham,
diretor-executivo de Exploração, Energia e Projetos da Vale, os investimentos no país
-e os da própria Vale- poderiam ser maiores se fossem
retiradas da legislação as restrições à pesquisa em áreas
indígenas e de fronteira.
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