São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2010

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Commodities

País investe pouco em pesquisa mineral

Brasil investe 15 vezes menos que Peru em mapeamento do solo, apesar de setor ter US$ 62 bi em novos projetos

Brasil responde por 3% do total gasto no mundo para mapear novas descobertas, segundo instituto especializado

PEDRO SOARES
DO RIO

Dentre os países com tradição e relevância na produção de minérios, o Brasil é um dos que menos investem em pesquisa para mapear o potencial de novas reservas e na descoberta e delimitação de jazidas minerais.
Do bolo total gasto em 2009 no mundo, o país correspondeu a apenas 3%, enquanto Canadá e Austrália, por exemplo, representaram 16% e 13% , respectivamente, de acordo com as estatísticas do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).
Considerando o território de cada país, o Peru investiu 15 vezes mais do que o Brasil. O Chile, 18 vezes.
Um dos problemas principais é a falta da chamada pesquisa geológica básica do solo brasileiro, que indica o potencial de descoberta de minerais e é uma atribuição do Estado.
Apenas 18% do território tem cobertura numa escala que permite identificar a presença de jazidas.
"Isso reduz drasticamente o interesse de empresas estrangeiras a se instalarem e investirem no país", diz Paulo Camillo Penna, presidente do Ibram.

PESQUISA BÁSICA
Para José Guedes, assessor da presidência da CPRM (estatal responsável pela pesquisa mineral), o governo ainda investe pouco em levantamento geológico básico -o que desestimula as empresas a se lançarem à pesquisa mais detalhada para delimitar as jazidas.
Foram gastos R$ 132 milhões entre 2005 a 2008, ante desembolso de R$ 13 milhões de 2000 a 2004.
"O Brasil tem de mostrar que é um bom lugar para investir, mas falta informação básica e há ainda uma demora grande na concessão de lavras que são descobertas", afirma ele.
Responsável por 50% do saldo da balança comercial em 2009, o setor mineral receberá investimentos de US$ 62 bilhões até 2014 -cifra que poderia ser maior com a ampliação da pesquisa, segundo o Ibram.
Uma das alavancas da pesquisa mineral no Canadá, por exemplo, é o trabalho de empresas que estão dedicadas apenas à descoberta de reservas, vendidas depois a grandes mineradoras.
Lá, há estímulo fiscal na compra de ações dessas companhias lançadas na Bolsa de Toronto. As poucas que atuam no Brasil estão associadas justamente com empresas canadenses.

VALE
Diante da falta de investimento público, a Vale realiza por sua conta o levantamento geológico básico de todas as suas áreas de concessão -e torna os dados públicos para outros usos, como a obtenção de recursos hídricos.
Para 2011, a mineradora tem reservados US$ 621 milhões para toda a área de pesquisa e exploração mineral -70% a ser gasto no Brasil.
Para Eduardo Ledsham, diretor-executivo de Exploração, Energia e Projetos da Vale, os investimentos no país -e os da própria Vale- poderiam ser maiores se fossem retiradas da legislação as restrições à pesquisa em áreas indígenas e de fronteira.


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