São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2010

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Brasil está entre os que menos investem em Bolsa

Ações representam apenas 11% do mercado de fundos, pior número entre Brics

Mercado acionário é importante fonte de financiamento para empresas; renda fixa ainda é predominante

ÉRICA FRAGA
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

O maior entusiasmo com a Bovespa em anos recentes não foi suficiente para mudar a realidade da indústria de fundos do país em uma perspectiva internacional. O Brasil está entre as nações que menos destinam recursos a fundos dedicados exclusivamente à renda variável.
Os fundos de ações representam 11% do total desse mercado no Brasil. O percentual é o terceiro menor em uma lista de 34 países desenvolvidos e emergentes.
Empatado com o Chile, o Brasil perde de longe para os demais Brics. Em Rússia, Índia e China, a fatia da indústria de fundos destinada a aplicações em ações representa, respectivamente, 63%, 25% e 59% do total.
O Brasil também está atrás de outros emergentes, como Taiwan, África do Sul e Paquistão, e só fica à frente de México e Turquia.
Os dados divulgados recentemente pelo Investment Company Institute (ICI), entidade que representa a indústria de fundos mútuos dos EUA, referem-se ao segundo trimestre de 2010.

JUROS ALTOS
Segundo o coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV, William Eid Junior, o histórico de alta rentabilidade dos fundos de renda fixa no Brasil, devido à elevada taxa de juros, inibiu o interesse por investimento em ações.
Ele acrescenta que o mercado de ações brasileiro é pequeno e pouco divulgado e afirma que o excesso de tipos de fundo dificulta o entendimento do investidor.
"O Brasil é campeão em categoria de fundos. Os produtos são razoavelmente complicados. Nem o gerente do banco compreende bem."
Mesmo em investimentos de longo prazo, como o de fundos de previdência, em que o risco do investimento em ações é diluído ao longo dos anos, ainda predomina o investimento em renda fixa.
No primeiro mês de comercialização do fundo de previdência do Santander voltado para a educação dos filhos, em outubro, mais de 95% dos 30 mil clientes que adquiriram o produto optaram por planos 100% renda fixa.
"O brasileiro não tem consciência de que a taxa de juros tende a cair nos próximos anos, reduzindo os ganhos em renda fixa", disse o superintendente de investimentos do banco, Edson Franco.
O baixo apetite do investidor brasileiro por ações é um entrave ao crescimento de longo prazo do país, já que o mercado acionário é uma fonte importante de financiamento das empresas.


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