São Paulo, domingo, 10 de abril de 2011

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OPINIÃO

Governo tem direito de influenciar na mineradora

CLAUDIO SALM
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não há nada de estranho no fato de o governo procurar influenciar os rumos da Vale.
Além de acionista de peso, a União detém ações preferenciais de classe especial ("golden share") que lhe conferem esse direito. Devido a seu porte e à importância de seus investimentos em logística (ferrovias e portos, por exemplo), o inusitado seria a falta de articulação entre a empresa e as estratégias nacionais de desenvolvimento.
A Petrobras é outro exemplo. Ela é um poderoso instrumento de política industrial. O interesse do país no desenvolvimento da sua indústria naval, bem como na de máquinas e equipamentos, depende muito das encomendas da estatal.
É apenas natural que o governo use as estatais e as grandes empresas do país como instrumentos de política de desenvolvimento.
Em meados da década de 1970, com a crise do petróleo, quando o mundo deu sinais de que estava prestes a entrar em recessão, o então ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, mobilizou as estatais brasileiras e estimulou que elas contraíssem dívidas no exterior.
Foi a fórmula encontrada para manter o ritmo dos investimentos.
Que o enorme endividamento fosse enfrentar logo adiante, com o aumento brutal dos juros nos Estados Unidos, causando estrago que durou quase 20 anos, é outra questão.

CLAUDIO SALM é professor do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).


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