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mercado em cima da hora
BC eleva juro para 10,25% e mercado espera novas altas
Para conter o aquecimento da economia e pressões da inflação, Copom aumenta Selic em 0,75 ponto percentual
Em comunicado, BC sinaliza mais aumentos; para analistas, juro básico deve chegar a 11,75% no final do ano
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anunciou o segundo aumento consecutivo da taxa
básica de juros, que passou
de 9,50% para 10,25% ao
ano, por unanimidade.
A taxa Selic voltou à casa
dos dois dígitos exatamente
um ano depois de ficar, pela
primeira vez na história,
abaixo de 10% anuais. Na
época, a economia estava em
recessão. Agora, cresce a "taxas chinesas", apesar dos sinais de desaceleração.
A alta dos juros é parte da
política do governo de retirar
os estímulos ao crescimento
da economia anunciados durante a crise de 2008 e 2009.
O comunicado divulgado
ontem após a reunião, com o
mesmo texto apresentado
em abril, reforça a expectativa de que a taxa continuará
subindo pelo menos até a
véspera da eleição.
"Dando seguimento ao
processo de ajuste das condições monetárias ao cenário
prospectivo da economia,
para assegurar a convergência da inflação à trajetória de
metas, o Copom decidiu, por
unanimidade, elevar a taxa",
informou o BC.
Nem mesmo a queda na
inflação medida pelo IPCA
(índice oficial do governo)
nos últimos 12 meses, divulgada ontem pelo IBGE, mudou a expectativa dos economistas (leia texto à pág. B4).
A alta de 0,75 ponto percentual era uma aposta praticamente unânime no mercado. Em abril, o BC já havia
elevado a Selic de 8,75% para
9,50% ao ano, dando início a
um novo ciclo de alta dos juros, o primeiro desde 2008.
DESAQUECIMENTO
O Copom volta a se reunir
nos dias 20 e 21 de julho, para
quando é esperada uma nova alta da mesma magnitude.
De acordo com a pesquisa
Focus, feita pelo BC com cerca de 100 economistas, os juros devem chegar a 11,75%
anuais em setembro. Depois,
a taxa voltaria a subir apenas
em janeiro de 2011, para 12%.
Apesar do aprofundamento da crise internacional e da
desaceleração da economia
brasileira desde a última reunião do Copom, pesaram na
decisão do BC o fato de a inflação continuar acima do
centro da meta de 4,5% e o
forte crescimento da economia no início de 2010.
Na terça, o IBGE divulgou
o PIB (Produto Interno Bruto)
do primeiro trimestre, que
cresceu 9% ante o mesmo período de 2009 e 2,7% em relação ao trimestre anterior.
O dado ficou dentro das estimativas, o que reforçou as
apostas de que o BC não iria
mudar o ritmo de alta dos juros por enquanto.
Para os próximos trimestres, é esperada uma desaceleração da economia, por
conta do fim dos incentivos
fiscais (como no IPI para veículos) e para o crédito (juros
e compulsórios maiores).
Mesmo com essa desaceleração, os economistas continuam projetando um crescimento do PIB próximo de 7%
neste ano e uma inflação de
5,6%. O próprio BC trabalha
com um IPCA de 5,2%.
O economista da CNC
(Confederação Nacional do
Comércio) e ex-diretor do BC,
Carlos Thadeu de Freitas, diz
que esse crescimento menor
já está incorporado nas expectativas. Para ele, o fator
que pode surpreender é o
comportamento da economia internacional.
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