São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2010

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mercado em cima da hora

BC eleva juro para 10,25% e mercado espera novas altas

Para conter o aquecimento da economia e pressões da inflação, Copom aumenta Selic em 0,75 ponto percentual

Em comunicado, BC sinaliza mais aumentos; para analistas, juro básico deve chegar a 11,75% no final do ano

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anunciou o segundo aumento consecutivo da taxa básica de juros, que passou de 9,50% para 10,25% ao ano, por unanimidade.
A taxa Selic voltou à casa dos dois dígitos exatamente um ano depois de ficar, pela primeira vez na história, abaixo de 10% anuais. Na época, a economia estava em recessão. Agora, cresce a "taxas chinesas", apesar dos sinais de desaceleração.
A alta dos juros é parte da política do governo de retirar os estímulos ao crescimento da economia anunciados durante a crise de 2008 e 2009.
O comunicado divulgado ontem após a reunião, com o mesmo texto apresentado em abril, reforça a expectativa de que a taxa continuará subindo pelo menos até a véspera da eleição.
"Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias ao cenário prospectivo da economia, para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa", informou o BC.
Nem mesmo a queda na inflação medida pelo IPCA (índice oficial do governo) nos últimos 12 meses, divulgada ontem pelo IBGE, mudou a expectativa dos economistas (leia texto à pág. B4).
A alta de 0,75 ponto percentual era uma aposta praticamente unânime no mercado. Em abril, o BC já havia elevado a Selic de 8,75% para 9,50% ao ano, dando início a um novo ciclo de alta dos juros, o primeiro desde 2008.

DESAQUECIMENTO
O Copom volta a se reunir nos dias 20 e 21 de julho, para quando é esperada uma nova alta da mesma magnitude.
De acordo com a pesquisa Focus, feita pelo BC com cerca de 100 economistas, os juros devem chegar a 11,75% anuais em setembro. Depois, a taxa voltaria a subir apenas em janeiro de 2011, para 12%.
Apesar do aprofundamento da crise internacional e da desaceleração da economia brasileira desde a última reunião do Copom, pesaram na decisão do BC o fato de a inflação continuar acima do centro da meta de 4,5% e o forte crescimento da economia no início de 2010.
Na terça, o IBGE divulgou o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, que cresceu 9% ante o mesmo período de 2009 e 2,7% em relação ao trimestre anterior.
O dado ficou dentro das estimativas, o que reforçou as apostas de que o BC não iria mudar o ritmo de alta dos juros por enquanto.
Para os próximos trimestres, é esperada uma desaceleração da economia, por conta do fim dos incentivos fiscais (como no IPI para veículos) e para o crédito (juros e compulsórios maiores).
Mesmo com essa desaceleração, os economistas continuam projetando um crescimento do PIB próximo de 7% neste ano e uma inflação de 5,6%. O próprio BC trabalha com um IPCA de 5,2%.
O economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e ex-diretor do BC, Carlos Thadeu de Freitas, diz que esse crescimento menor já está incorporado nas expectativas. Para ele, o fator que pode surpreender é o comportamento da economia internacional.


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