São Paulo, sábado, 10 de julho de 2010

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Petrobras provoca desconfiança externa

Em meio a dúvidas sobre capacidade financeira, sobe procura por proteção contra eventual calote via derivativos

Demora em oferta de ações para capitalização traz preocupações; procurada, estatal não se pronuncia

22.abr.10/Efe
Barcos tentam apagar incêndio em plataforma da BP no golfo do México; caso ressalta riscos de explorar petróleo em águas profundas, como no pré-sal

SAMANTHA LIMA
DO RIO

Crescem no mercado financeiro internacional as dúvidas sobre a capacidade financeira da Petrobras. Como sintoma aparentemente extremado, mas corriqueiro, entre investidores agressivos, a procura por proteção contra eventual calote, via derivativos, vem subindo.
Para os investidores, ampliaram essa percepção de maior risco o acidente da BP e a demora da petroleira brasileira em fazer sua oferta de ações para levantar dinheiro para investimentos.
O caso BP ressaltou os riscos de explorar petróleo em águas profundas. A Petrobras é líder mundial no segmento e, com o pré-sal, sairá de perfurações de até 2.000 metros, na bacia de Campos, para 7.000 na de Santos.
Por fim, a Petrobras depende de uma emissão de ações para complementar o programa de investimentos de US$ 224 bilhões até 2014 -o maior do mundo no setor. A emissão era prevista para o fim do mês, mas o processo foi adiado para setembro.
Assim, os preços que investidores estrangeiros pagam para obter instrumentos que compensem eventuais calotes nos títulos emitidos pela Petrobras, negociados nos mercados futuros (derivativos) internacionais, subiram 52% no ano, segundo a consultoria CMA.
Esses instrumentos são chamados contratos CDS ("Credit Default Swaps"). Quem compra um CDS quer se proteger do risco de outro título que detém, emitido por uma empresa ou governo -nesse caso, os da Petrobras. É como um seguro. O investidor que vende o contrato recebe o pagamento do comprador e assume o compromisso de honrar o pagamento do título se o governo ou a empresa não o fizer.

ESPECULAÇÃO
"O aumento dos juros nos CDS reflete diretamente a percepção de risco da perfuração, mas há componente especulativo na variação. Isso também ocorre nas ações da empresa, que têm caído", diz o professor de finanças Paulo Di Blasi, do Ibmec.
Depois do acidente da BP, a distância de preço entre os CDS para títulos da Petrobras e da Pemex, embora ainda favorável aos investidores da brasileira, caiu 95%.
A Petrobras espera, até setembro, fazer sua oferta de ações para levantar os recursos necessários a seus investimentos e ao pagamento de 5 bilhões de barris em reservas que receberá da União.
Sem o dinheiro novo, a Petrobras deve ultrapassar o limite de endividamento exigido pelas agências de risco (de 35% do patrimônio) para manter a classificação de "investment grade". Perderia, assim, a chancela de "bom pagador" e teria que pagar mais juro nas captações.
Em março, o nível de endividamento era de 32%. Hoje, especialistas calculam em 35% e, se a capitalização não for feita, será superado em setembro.
Procurada, a Petrobras não se pronunciou.


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