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Riscos ambientais fazem bancos adotarem o "profissional verde"
Instituições financeiras contratam biólogos, engenheiros, geólogos e consultorias especializadas
Objetivo é evitar um desastre ambiental que abale a rentabilidade e a imagem das empresas e até dos próprios bancos
JANAINA LAGE
DO RIO
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Quando iniciou sua carreira no setor financeiro, em
2005, Erondina Gomes, 52,
não entendia muito bem a
motivação do banco ao contratar uma geóloga.
"Fiquei me perguntando
se não devia alguma coisa ao
banco, mas um dia vim com
minha mochila nas costas
para uma entrevista e vi que
era uma oportunidade de fazer mais pela Amazônia."
Ela faz parte de um grupo
ainda pequeno que, segundo
estimativas do setor, reúne
ao menos 30 profissionais,
entre biólogos, geólogos e
engenheiros especializados
em análise de risco ambiental de clientes corporativos
dos principais bancos.
Além disso, os bancos têm
investido na contratação de
consultorias ambientais especializadas e no treinamento de funcionários.
O investimento está ligado
aos impactos que um eventual desastre ambiental pode
causar na rentabilidade e na
imagem das empresas e até
dos próprios bancos.
O exemplo mais recente é
o da petroleira BP, que anunciou a venda de ativos de
US$ 7 bilhões para financiar
parte dos custos gerados pelo
vazamento de petróleo no
golfo do México.
"Ambiente hoje é também
questão financeira, é olhar
para os riscos de um projeto", diz Otávio Lobão, chefe
do Departamento de Meio
Ambiente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A análise ambiental dos
bancos tem uma ênfase ainda maior em projetos de setores como os de mineração,
exploração de petróleo, siderurgia, movelaria, geração de
energia, agricultura, hospitais, tratamento de resíduos,
transporte e construção civil.
"A imagem do banco está
diretamente relacionada ao
empreendimento que ele financia", afirma Ricardo Valente, diretor da consultoria
Key Associados.
Desde que foi criada, em
2005, a empresa já multiplicou por seis o número de
consultores, impulsionada
pela demanda de bancos e
indústrias.
NOVO PERFIL
As mudanças trouxeram
um perfil diferente de funcionários ao setor financeiro,
como a bióloga Silvia Chicarino, 33. Ela iniciou a carreira
no Instituto Butantã, onde
estudava o comportamento
reprodutivo da cobra-d'água.
Hoje, faz parte da equipe
de análise do Santander, e
aplica uma vez por ano um
questionário de sustentabilidade para clientes com limite
de crédito maior ou igual a
R$ 1 milhão.
"Se encontramos problemas, estimulamos o cliente a
promover mudanças. Pequenos ajustes reduzem riscos."
A preocupação não está
restrita a grandes empresas.
No caso do Banco do Brasil, a
opção foi investir na formação de pessoal para promover melhores práticas em comunidades de baixa renda.
O banco conta com um
MBA voltado para estratégia
de negócios de desenvolvimento regional sustentável,
uma área com uma carteira
de crédito de R$ 5,7 bilhões.
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