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commodities
Mercado espera queda no preço do minério no quarto trimestre
Analistas preveem perda de até 17% nos contratos com vigência entre outubro e dezembro
Mineradoras não devem ter margens afetadas; preços da commodity subiram mais de 100% em reajustes anteriores
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
Apesar da recente valorização no mercado à vista, os
contratos de minério de ferro
do quarto trimestre devem
apresentar queda de preço.
As estimativas de analistas
para os valores praticados
pelas mineradoras entre outubro e dezembro são de retração entre 10% e 17%.
Os preços serão calculados
com base nas cotações do
mercado à vista (spot) em junho, julho e agosto.
Como a commodity apresentou significativa retração
nos dois primeiros meses -o
preço médio do minério caiu
11% em junho, em relação a
maio, e 12% no mês seguinte-, a recuperação de agosto, mesmo se mantida, não
deve ser suficiente para compensar a queda anterior.
"O mercado está se reanimando, mas é difícil que em
agosto ele consiga reverter a
perda dos meses anteriores",
afirma a analista Stefânia
Grezzana, da Tendências.
Passadas as maiores preocupações com a crise na Europa e com sinais de que a desaceleração da economia
chinesa poderia ser menos
significativa do que a esperada inicialmente, o preço do
minério voltou a subir há cerca de 20 dias, na China.
Ontem, a tonelada foi cotada a US$ 144,50 no maior
mercado consumidor da
commodity e que, portanto, é
referência. Mas, na média de
junho, julho e agosto, o preço
ainda é de US$ 135,80.
"Se o minério conseguir
manter-se acima da média do
período, ou aumentando
mais um pouco, podemos ter
um corte nos preços de 10%.
Caso contrário, a queda pode
chegar a 13%", disse Rafael
Weber, da Geração Futuro.
Já Marcelo Zilberberg, analista do banco de investimentos UBS, estima desvalorização de 17% para os preços
praticados pela Vale, de
US$ 133,85 por tonelada neste terceiro trimestre para
US$ 110,52 no próximo.
Os preços de venda da Vale recebem um prêmio porque seu minério apresenta
maior teor de ferro, mas também consideram o desconto
do frete -por isso são menores do que as cotações à vista.
RENTABILIDADE
Mesmo com a queda prevista, a forte alta dos preços
do minério nos trimestres anteriores deve garantir boa
rentabilidade para as mineradoras até o final do ano.
"Ainda que os preços
caiam, as mineradoras vão
manter uma boa margem",
diz Pedro Galdi, analista da
SLW Corretora.
Em abril, quando o sistema de preços passou a ser trimestral, houve um aumento
de 100% nos preços. Em julho, a alta foi de 35%.
Para o longo prazo, a expectativa é positiva. Além da
melhora no cenário macroeconômico, haverá um desequilíbrio entre oferta e demanda por dois anos, quando projetos de alta capacidade entram em operação.
Ontem, no Rio, o presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), Paulo
Camilo Penna, disse que o
valor gerado pela produção
mineral voltará a crescer,
após dois anos em queda.
O montante, que será recorde, deve somar US$ 35 bilhões neste ano, dos quais
US$ 20 bilhões referem-se
apenas ao minério de ferro.
Colaborou CIRILO JÚNIOR, do Rio
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