São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2010

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Crédito habitacional da Caixa supera 2009

Valor emprestado até o dia 3 atingiu R$ 47,7 bilhões, superando o montante financiado em todo o ano passado

Com o desempenho recorde, a Caixa elevou a previsão para 2010 de R$ 60 bilhões para R$ 70 bilhões

TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO

Os empréstimos da Caixa Econômica Federal para habitação atingiram R$ 47,69 bilhões no acumulado deste ano até o dia 3, com expansão de 87,6% sobre o mesmo período em 2009. O valor recorde já supera os R$ 47,05 bilhões financiados em todo o ano passado.
Em quantidade (773,3 mil unidades), o montante já representa 86,2% do total atingido em 2009.
"Todas as faixas de renda têm sido atendidas", afirma Maria Fernanda Ramos Coelho, presidenta do banco, que elevou ontem a previsão para 2010 de R$ 60 bilhões para R$ 70 bilhões.
Do total emprestado, R$ 20,7 bilhões tiveram como fonte de recursos o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), com alta de 92% no confronto com o mesmo período no ano passado, impulsionado pelo Minha Casa, Minha Vida.
Desde o início do programa, em abril do ano passado, foram contratadas 630,9 mil moradias. A meta é atingir 1 milhão até o final do ano.
No entanto, o ritmo pode diminuir devido à expectativa das construtoras para o reajuste, a partir de janeiro, do teto do valor do imóvel (R$ 130 mil) e da renda mensal das famílias que podem ser contempladas (R$ 4.650).
Já os financiamentos com recursos da poupança totalizaram R$ 21,4 bilhões neste ano, com aumento de 53%.
Por lei, os bancos são obrigados a destinar 65% dos depósitos na caderneta para o crédito habitacional, mas há o temor de que o crescimento da poupança não acompanhe o dos empréstimos.

SECURITIZAÇÃO
Com o FGTS, não há essa preocupação iminente. Ainda assim, a Caixa já avalia a securitização -que consiste na transformação de uma dívida em um papel para investimento no mercado- da carteira de crédito lastreada também com esses recursos.
"Nada está descartado. Estamos iniciando o processo e fazendo análises. A questão de securitizar fundo de garantia passa muito pelas condições de juros que existem na economia", afirmou Jorge Hereda, vice-presidente de governo do banco.
O executivo lembra que os empréstimos usando essa fonte têm juros baixos, logo vão oferecer um retorno menor para o investidor.
"A atratividade desse papel talvez seja possível se tiver um mix de financiamento. Isso vai ser medido justamente no nosso primeiro lançamento", completou.
Metade da carteira de crédito de R$ 84,9 bilhões da Caixa está lastreada no FGTS e 49%, em recursos da poupança. A inadimplência, considerando atrasos acima de 90 dias, permanece em 1,5% há sete meses.
Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da FGV, destaca ainda a cota de financiamento médio do banco, atualmente em 71% do valor do imóvel, o que indica "uma folga ainda maior" já que "a avaliação feita pela Caixa é rigorosa".
Segundo Hereda, cerca de R$ 20 bilhões já estariam prontos para uma securitização. A emissão inicial, no entanto, será de R$ 500 milhões "para testar o mercado", com lançamento previsto até dezembro e contratos que tiveram como fonte a poupança.
"Esse mercado é atraente, e as soluções já estão começando a ser discutidas", ressalta Ana Maria. "No mundo inteiro, o investidor aplica no mercado imobiliário. Os fundos de pensão, por exemplo, são uma fonte enorme [de recursos] a ser incorporada."


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