São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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PIB se desacelera, mas atinge 7,5% no ano

Queda da indústria no 3º trimestre foi maior que o esperado; consumo elevado ainda mantém risco de inflação

Entre julho e setembro, o crescimento foi de 0,5%, um quarto da média dos últimos quatro trimestres


FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

PEDRO SOARES
DO RIO

A economia brasileira se desacelerou no terceiro trimestre do ano. Mesmo assim, deve fechar 2010 crescendo cerca de 7,5%.
O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu apenas 0,5% entre julho e setembro na comparação com o trimestre anterior. A alta equivale a um quarto da média dos últimos quatro trimestres na mesma comparação (2,2%).
Se o ano tivesse terminado em setembro, o PIB teria crescido 7,5%. Na comparação com o terceiro trimestre de 2009, a alta foi de 6,7%.
A desaceleração foi puxada pela agropecuária (-1,5%) e pela indústria (-1,3%).
Os setores de serviço (alta de 1%), o consumo das famílias (1,6%) e os investimentos (3,9%) lideraram a alta.
Entre as notícias positivas do PIB, a queda da atividade pode colocar o país na rota de uma alta mais sustentável.
O PIB só "rodou" a 7,5% ao ano pela explosão das importações (alta de 40,9% em 12 meses) para atender a forte demanda interna.
A médio prazo, isso tende a comprometer as contas externas. No terceiro trimestre, o país precisou de R$ 24,1 bilhões de fora para se financiar (o dobro do que necessitava há um ano).
A outra boa notícia é que a taxa de investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo, ou FBCF) está voltando ao patamar pré-crise de 2008. Quanto maior essa taxa, menor o risco de inflação.
No terceiro trimestre, a FBCF alcançou 19,4%, pouco abaixo do teto de 2008 (20,6%). Muitos consideram que o Brasil precisa de um nível próximo a 25% para crescer mais de 5,5% ao ano sem pressões inflacionárias.
"Havia um claro descompasso entre a oferta e a demanda, daí o grande aumento das importações. A desaceleração é positiva, pois coloca a economia em uma trajetória mais próxima de seu potencial", diz o economista da PUC-RJ e da Opus, José Márcio Camargo.
Entre as más notícias, figuram uma queda além do esperado da atividade industrial e um nível de consumo das famílias (puxado pelo crédito) ainda elevado, o que aumenta o risco de inflação.
A indústria cresceu 8,3% no terceiro trimestre ante igual período de 2009. Mas boa parte da alta veio do setor extrativo mineral (16%), de baixo valor agregado.
Já os segmentos que fabricam produtos de alto valor agregado (transformação) tiveram alta menor, de 7,1%.
"A maior preocupação do setor industrial é com a explosão dos importados, que vem levando a uma retração da produção", afirma Rogério César de Souza, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Outra notícia considerada preocupante é que o consumo das famílias segue elevado. Cresceu 1,6% sobre o trimestre anterior e 5,9% sobre o mesmo período de 2009 (o 28º aumento consecutivo).


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