São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

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VAIVÉM

MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br

Alta do preço do café não chega ao consumidor

O consumidor brasileiro ainda não sentiu no bolso a disparada dos preços do café no campo. A indústria não consegue repassar o maior valor cobrado pelos cafeicultores ao varejo e está com margens apertadas.
Segundo pesquisa da Folha, a saca de 60 quilos de café de boa qualidade subiu 70% nos últimos 12 meses encerrados em janeiro, em média, no país. No mesmo período, o preço do café moído aumentou só 2,6% no varejo, conforme o IPCA (índice oficial de inflação) divulgado nesta semana.
No caso do café solúvel, o valor pago pelo consumidor chegou a cair 1,5% em 12 meses. Já o cafezinho consumido fora do lar subiu 7,6%, possivelmente influenciado pela expansão do mercado de cafés especiais.
O diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café), Nathan Herszkowicz, diz que a forte concorrência entre as marcas dificulta o repasse para o varejo do aumento de custos com a aquisição da matéria-prima. "Ninguém quer ser o primeiro a aumentar o preço", afirma.
O curioso é que, nos últimos anos, cresceu a concentração na indústria do café, o que, na teoria, facilitaria os reajustes. Em 2010, as dez maiores indústrias concentraram 75% da produção dos associados da Abic. Em 2002, responderam por 42%.
"No caso do café, acontece o contrário. A concentração acirrou a concorrência entre as líderes", avalia Herszkowicz. Já a concentração no varejo dificulta, sim, o repasse, diz o representante da indústria. "Como há poucas grandes redes, há um elevado poder de negociação."
Herszkowicz diz que a situação é crítica na indústria, que está com a rentabilidade "corroída". Neste mês, a alta no campo continua. O preço médio da saca beira R$ 470 -mais 9% ante janeiro.
"O preço no varejo precisa evoluir no mínimo 25% para a indústria recuperar a condição operacional", diz.

Novas altas O preço do algodão voltou a bater recorde ontem em Nova York, ao atingir US$ 1,87 por libra-peso -alta de 3,9%. O mercado reagiu ao relatório do Usda que mostrou aumento das exportações americanas na última semana, o que reafirmou sinais de que a demanda permanece aquecida.

Mercado firme Para a consultoria americana IHS Global Insight, o preço do algodão deve cair lentamente de suas máximas históricas somente a partir do terceiro trimestre, à medida que os maiores países produtores e exportadores iniciem suas colheitas, aguardadas para o período.

Inflação no campo Os preços recebidos pelo produtor paulista aumentaram 1% na primeira semana deste mês, informou o IEA (Instituto de Economia Agrícola). Os vegetais puxaram a alta, mais uma vez influenciados pelo tomate, que subiu 47%.

Minas cresce Com avanço de 32% em janeiro, para US$ 624 milhões, as exportações do agronegócio mineiro crescem acima da média nacional, de 26%. Milho e café foram destaques na pauta, com altas de 287% e de 69%, respectivamente.

Mais açúcar Dados da Unica confirmam o perfil mais açucareiro da safra de cana que está terminando, em relação à anterior. A produção cresceu 17% do início da safra ao final de janeiro, para 33 milhões de toneladas. A produção de álcool subiu 7% em 2009/10 e atingiu 25 bilhões de litros.

CACAU
+3,82%
Ontem, em Nova York

CHUMBO
-2,70%
Ontem, em Londres

TATIANA FREITAS (interina) com KARLA DOMINGUES


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