São Paulo, sábado, 11 de junho de 2011

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Após 37 dias, acaba greve na Volks no PR

Funcionários aceitam proposta de R$ 11,5 mil de participação nos lucros, apenas R$ 500 menos que o valor pedido

Mais de 20 mil veículos deixam de ser feitos; estimativa é que os estoques só voltem ao normal em 20 dias


Nilton de Oliveira Pinto/SMC
Funcionários votam pelo fim da greve na Volkswagen do Paraná; prejuízo com paralisação é estimado em R$ 1,1 bilhão por sindicato dos metalúrgicos

CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO

Após 37 dias de greve, os funcionários da Volkswagen do Paraná aceitaram a proposta de R$ 11,5 mil de participação nos lucros e encerraram a paralisação na fábrica.
A greve foi a mais longa -e tensa- da história na região e deixa uma "mancha" nas relações trabalhistas, disse Nilton Junior, diretor de Relações Trabalhistas da Volks.
Nesse período, mais de 20 mil veículos deixaram de ser produzidos e os prejuízos chegam a R$ 1,1 bilhão, de acordo com estimativa do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba.
Parte das concessionárias de São Paulo, Belo Horizonte e Recife está com estoques zerados de Fox 1.6, CrossFox e Golf, produzidos no Paraná. Estima-se que serão necessários 20 dias para que os estoques voltem ao normal.
Os empregados receberão no total R$ 11,5 mil de PLR -R$ 500 a menos do valor pedido. A primeira parcela (R$ 5.200) será paga na próxima semana. A segunda (R$ 6.300) deverá ser paga em janeiro de 2012 e dependerá do cumprimento de metas. No ano passado, os trabalhadores receberam R$ 9.000 de PLR.
"Não houve vencedores nem perdedores. Quem venceu foi o diálogo", diz o diretor da montadora.

AMBIENTE HOSTIL
"Temos de exercitar mais as relações de trabalho na fábrica. A imagem que ficou é de um ambiente hostil. Precisamos confirmar essa tendência, de estabelecer o diálogo, para garantir novos investimentos e retirar as manchas que ficaram", afirma.
Inicialmente os trabalhadores pediam R$ 12 mil de PLR -e primeira parcela de R$ 6.000. A VW ofereceu R$ 4.600 e depois aumentou para R$ 5.200, valor pago em outras fábricas.
Jamil Dávila, secretário-geral do sindicato, afirma que os metalúrgicos ficaram "satisfeitos" com o acordo. Ele considera "natural" que a direção da Volks considere haver "manchas" na relação entre empregados e patrões.
"Eles perderam mais de R$ 1 bilhão nessa história. É uma pena que tivemos que parar por tantos dias para conseguir nossas reivindicações, mas também fizemos concessões. A greve vai servir para amadurecer os dois lados. Prevaleceu o bom senso", diz Dávila.
A Volkswagen descontará dos salários 28 dias de produção parada durante a greve.
Para isso, os trabalhadores poderão optar entre desconto total de uma só vez ou de dois dias no salário deste mês até junho de 2012.
Além dos valores da PLR deste ano, sindicalistas e empresa acertaram o valor da primeira parcela de lucros de 2012. Serão pagos 52% do valor total negociado neste ano (R$ 5.980). O restante dependerá do cumprimento de metas de produção.
"Fechamos também a negociação sobre o reajuste para a data-base deste ano", diz o diretor de RH. Em setembro, os trabalhadores receberão reposição da inflação e 2,5% de aumento real, além de abono de R$ 2.100 pago em setembro e outro abono no mesmo valor, em 30 de dezembro deste ano.
No ano passado, eles receberam 5,5% de aumento real, além da inflação (4,9%).

Colaborou JEAN-PHILIP STRUCK, de São Paulo


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