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Indiano defende lucro para erradicar pobreza
Para bilionário fundador da SKS Microfinance, capitalismo pode fazer mais para reduzir pobreza do que ONGs
Vinod Khosla pretende investir em outras empresas que visem lucrar ajudando população mais carente
VIKAS BAJAJ
DO "NEW YORK TIMES", EM MUMBAI
(ÍNDIA)
Vinod Khosla, co-fundador da Sun Microsystems e
bilionário investidor no setor
de capital de risco para fomentar empresas, já estava
entre os homens mais ricos
do mundo ao investir na SKS
Microfinance, uma instituição de empréstimos a mulheres pobres da Índia.
Mas o sucesso da recente
oferta pública inicial de
ações da SKS, em Mumbai, o
deixou cerca de US$ 117 milhões mais rico e ele declarou
que pretende reinvestir o dinheiro em outros empreendimentos que visem a combater a pobreza e prover lucro.
Nascido na Índia mas radicado no Vale do Silício, Khosla quer criar um fundo de capital para empreendimentos
a fim de investir em empresas
que foquem nos pobres da
Índia, África e outras áreas,
oferecendo serviços como
energia, saúde e educação.
Ao apoiar empresas de empréstimos educacionais ou
que distribuem painéis solares em aldeias, diz, seu objetivo é mostrar que entidades
comerciais podem ser melhores do que a maioria das organizações de caridade sem
fins lucrativos para ajudar as
pessoas mais pobres.
"Precisa haver mais experiências com a construção de
negócios que tentem operar
no mercado dos consumidores mais pobres de forma sustentável", disse Khosla.
As idéias de Khosla são
parte de uma escola de pensamento cada vez mais popular: empresas, e não governos ou organizações sem
fins lucrativos, deveriam liderar os esforços pela erradicação da pobreza .
Alguns especialistas do setor de organizações sem fins
lucrativos afirmam que as
empresas comerciais com
fins sociais enfrentam limitações e sua atuação gera conflitos de interesse.
Mas proponentes da causa
se inspiram no forte crescimento mundial do microfinanciamento, que envolve
conceder pequenos empréstimos a empresários pobres e
que tem a SKS como uma de
suas empresas notáveis.
DOAÇÕES
Os defensores da tese também encontram sustentação
intelectual à ideia nas obras
de professores de gestão como C. K. Prahalad, que argumentava que grandes empresas podem se sair bem e fazer
o bem simultaneamente, ao
direcionar suas atividades às
pessoas dos degraus mais
baixos da pirâmide.
Além de Khosla, empresários como Pierre Omidyar,
co-fundador do eBay, e Stephen Case, co-fundador da
America Online, criaram fundos com objetivos parecidos.
Mas Khosla, 55, deseja estimular indianos ricos a doar
parte maior do patrimônio.
Ele não está sozinho em
sua preocupação. Bill Gates,
co-fundador da Microsoft,
que visitou a China na semana passada em companhia
do bilionário investidor Warren Buffett, disse na quinta-feira que os dois poderiam ir
à Índia como parte de sua
campanha para convencer
os muito ricos a doarem metade de suas fortunas.
Atividades de caridade e o
investimento para empreendimentos são parte importante das tradições de importantes famílias indianas como os Tata e empresários da
tecnologia como Aziz Premji,
da Wipro, empresa de terceirização de serviços tecnológicos. Mas muitos outros indianos ricos doam pouco.
Uma recente pesquisa da
consultoria Bain estimou que
os indianos doam muito menos, como porcentagem do
Produto Interno Bruto (PIB)
do país, que os americanos.
Além disso, as doações
pessoais e empresariais respondem por apenas 10% das
doações na Índia, ante 75%
nos EUA e 34% no Reino Unido. O restante vem do governo e de estrangeiros.
Os indianos ricos "preferem construir templos", disse Samit Ghosh, presidente-executivo da Ujjivan Financial, uma empresa de microcrédito sediada em Bangalore, "em lugar de colocarem
seu dinheiro em programas
reais, que teriam impacto
real no alívio à pobreza".
Khosla, que investiu em
pequenas empresas de microcrédito e fez doações a organizações sem fins lucrativos, disse que as organizações comerciais cresceram
mais rapidamente e atingiram muito mais cidadãos necessitados de crédito.
Ele declarou que desejava
ajudar a criar uma nova geração de empresas como a SKS,
que começou a realizar empréstimos comerciais em
2006. Hoje conta com 6,8 milhões de clientes e empréstimos de 43 bilhões de rúpias
(US$ 940 milhões).
As ações SKS, maior companhia indiana de microfinanciamento, foram lançadas nas bolsas do país na metade de agosto. Desde então,
já registram alta de 40%.
TRADUÇÃO DE PAULO MIGLIACCI
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