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Rachadura em turbina de Itaipu gera temor de apagão
Avarias em equipamento foram encontradas durante manutenção de rotina; por ser inédito, o reparo deve demorar até um ano
LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA
A hidrelétrica de Itaipu,
segunda maior do mundo,
apresentou rachaduras de
mais de 50 centímetros na estrutura de uma de suas 20
turbinas.
As trincas foram descobertas na revisão periódica da
máquina número 6, que opera desde 1987. Ela entrou em
manutenção em 22 de setembro e deveria ter voltado a
funcionar na segunda-feira.
Como esse tipo de conserto
nunca foi feito antes, o equipamento poderá ficar parado
por um período de seis meses
a um ano. A questão preocupou técnicos da usina e especialistas do setor elétrico.
A peça de 23 anos de uso é
uma gigante de sete toneladas e capacidade de gerar sozinha 700 megawatts
-maior que a maioria das hidrelétricas do país.
Um dos temores é que outras turbinas de Itaipu venham a apresentar rachaduras devido ao tempo de uso, o
que comprometeria o abastecimento nacional de energia.
A usina é responsável por
20% do abastecimento nacional e fornece energia para
as concessionárias das regiões Sul e Sudeste do Brasil.
Uma pane na gigante deixaria mais da metade do país no
escuro mais uma vez.
Problemas nas linhas que
levam a energia de Itaipu ao
resto do país, em 10 de novembro do ano passado, deixaram 18 Estados brasileiros
no escuro.
Para o especialista em geração elétrica Silvio Areco,
diretor da consultoria Andrade & Canellas, o desgaste das
partes metálicas, criando rachaduras, é previsível em um
equipamento com 23 anos de
funcionamento que vive
constantes vibrações com a
passagem de água e peixes
em sua estrutura.
O importante, na avaliação de Areco, é o grau de severidade dessas trincas: se
são superficiais ou fendas
profundas, que poderiam gerar outros estragos.
Ele acredita que é preciso
avaliar cuidadosamente as
causas das rachaduras, mas
descarta risco de apagão:
"Há sempre um processo cuidadoso de manutenção e
avaliação constante dos
equipamentos em uma usina
como Itaipu".
A turbina, de fabricação
da alemã Voith Siemens, está
sendo analisada pela companhia fabricante, que ainda
não tem um diagnóstico sobre as causas das trincas.
As previsões para a produção de energia de Itaipu neste ano já estavam pessimistas
antes do incidente. Em 2010 a
usina irá registrar uma de
suas menores produções da
década, de 82 milhões a 84
milhões de megawatts-hora
(MWh). O recorde, de 2008, é
de 94.684.781 MWh.
Segundo a assessoria de
imprensa de Itaipu, a paralisação não irá comprometer o
abastecimento porque a usina tem 20 turbinas em operação e sempre duas de reserva
-com o problema, ainda resta uma turbina na reserva.
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