São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2010

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Indústria química quer incentivo à inovação

Deficit comercial em 2010 supera US$ 20 bilhões e assusta o setor

Atraso de investimentos em pesquisa é razão para vulnerabilidade do Brasil nesse setor, reclama associação

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

O setor químico brasileiro vai pressionar o governo Dilma Rousseff para ter um marco regulatório para investimento em inovação.
O objetivo do setor é que isso faça parte da nova política industrial, que começa a ser alinhavada nos bastidores.
É consenso na indústria química que grande parte do deficit comercial registrado em 2010 é efeito direto do atraso do país em pesquisa e desenvolvimento.
Neste ano, o deficit vai atingir US$ 20 bilhões, o segundo maior da história do setor -o maior foi em 2008, de US$ 23,2 bilhões.
O tema dominou o encontro anual do setor, realizado ontem em São Paulo.
De acordo com Bernardo Gradin, presidente da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), sem um marco regulatório o país não vai conseguir inverter a dependência de insumos.
Com alta demanda e falta de itens aqui, cresceu a dependência brasileira, que deve ser mantida em 2011.
A situação tem se agravado. O setor já identificou a suspensão da importação de insumos e o início da importação de produtos acabados.
O ambiente macroeconômico -com juros reais de 6% ao ano e moeda local valorizada ante o dólar- tem desestimulado investimentos, apesar de o consumo crescer.

ITENS
O marco regulatório da inovação terá de ter: 1) preservação do direito intelectual proprietário; 2) formação de patrimônio humano; 3) financiamento à pesquisa e ao desenvolvimento.
A meta é um marco que aproxime indústria e setor acadêmico e que tenha como objetivo o financiamento da pesquisa aplicada e básica.
Gradin afirma que o setor está disposto a dar contrapartidas econômicas e sociais a um eventual pacote de incentivos, como a aceleração dos investimentos.
Há um grande descompasso hoje entre as necessidades de investimento até 2020 e o volume prometido. Levantamento da Abiquim indica que, nos próximos cinco anos, a indústria química deverá investir US$ 26 bilhões.
Isso representa 15% dos US$ 167 bilhões que o Brasil precisaria aplicar até 2020 para zerar o deficit comercial, elevar o país a 5º do mundo no setor químico e ser líder em química verde.
"Temos de ficar angustiados. Angustiados para deixar o discurso e partir para a ação, para que a gente não perca o bonde, que acho que já está passando", afirma Gradin.


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