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Correios têm o menor lucro da era Lula
Resultado, de R$ 177 milhões, foi afetado pelo rombo de R$ 1,43 bilhão do seu fundo de pensão, o Postalis
Expectativa era chegar perto do lucro de 2008, de R$ 801 milhões; balanço da estatal está para ser publicado
LEILA COIMBRA
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
Os Correios tiveram em
2009 o seu menor lucro desde que o presidente Lula assumiu o governo, em 2003:
R$ 177 milhões, apenas.
A estatal, que praticamente não tem concorrência e fatura mais de R$ 11 bilhões ao
ano, enfrenta uma crise com
atrasos na entrega de correspondências e na realização
de concursos e problemas na
renovação de franqueados.
O resultado ficou abaixo
das expectativas depois que
os Correios reconheceram,
no balanço, parte de um rombo de R$ 1,43 bilhão do seu
fundo de pensão, o Postalis.
A expectativa era que o resultado fosse positivo em R$
776 milhões, valor próximo
do lucro de 2008, de R$ 801
milhões. Os dados estão no
balanço da estatal, ao qual a
Folha teve acesso e que está
para ser publicado no "Diário Oficial da União".
O ministro das Comunicações, José Artur Filardi, foi
convocado ontem pelo presidente Lula para uma reunião
sobre a crise na estatal.
Apesar de ter provisionado parte do rombo do Postalis, a direção dos Correios
ainda não assinou o termo
de confissão da dívida.
O assunto aguarda decisão do Dest (Departamento
de Coordenação e Governança das Empresas Estatais), do
Ministério do Planejamento.
O Postalis tem um deficit
atuarial de R$ 1,43 bilhão,
como revelou a Folha em
março, o que significa que
não tem recursos para honrar
todas as aposentadorias.
A estimativa inicial da direção dos Correios era que o
rombo fosse de R$ 630 milhões, mas, depois que as
contas foram analisadas por
três consultorias (Stea, Globalprev e Rodarte), chegou-se ao valor 120% maior.
Os trabalhadores não têm
obrigação de cobrir o buraco,
pois ele é referente a contribuições feitas antes de 2000,
quando não vigorava a regra
da paridade (empresa e contribuintes colocam dinheiro
na mesma proporção). Portanto, a empresa terá que cobrir sozinha o deficit.
O presidente do Postalis,
Alexej Predtechensky, foi indicado pelo ex-ministro de
Minas e Energia Edison Lobão e tem estreitas relações
com a família Sarney.
Ele fez na sua gestão três
investimentos milionários
em empresas controladas
por pessoas que aparecem na
Operação Boi Barrica da Polícia Federal (rebatizada Faktor) como ligadas a um suposto esquema do empresário Fernando Sarney.
No total, na gestão de Alexej, foram investidos
R$ 371,9 milhões em três empresas de energia: a Multiner
e em outras duas vinculadas
a ela -a Raesa (Rio Amazonas Energia) e a New Energy.
O investimento nas três
empresas representa 50,06%
do total destinado pelo fundo
ao setor. Diretores da Multiner e da Raesa aparecem nos
relatórios da Polícia Federal.
OUTRO LADO
O presidente do Postalis
disse em entrevista recente à
Folha que as decisões de investimento do Postalis são
tomadas em colegiado.
Afirmou ainda que o rombo não se refere a resultados
negativos da administração,
mas é oriundo da Reserva
Técnica de Serviços Anteriores (RTSA) e foi herdado
quando houve mudança nos
planos de aposentadoria.
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