São Paulo, sábado, 12 de junho de 2010

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Correios têm o menor lucro da era Lula

Resultado, de R$ 177 milhões, foi afetado pelo rombo de R$ 1,43 bilhão do seu fundo de pensão, o Postalis

Expectativa era chegar perto do lucro de 2008, de R$ 801 milhões; balanço da estatal está para ser publicado

LEILA COIMBRA
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA

Os Correios tiveram em 2009 o seu menor lucro desde que o presidente Lula assumiu o governo, em 2003: R$ 177 milhões, apenas.
A estatal, que praticamente não tem concorrência e fatura mais de R$ 11 bilhões ao ano, enfrenta uma crise com atrasos na entrega de correspondências e na realização de concursos e problemas na renovação de franqueados.
O resultado ficou abaixo das expectativas depois que os Correios reconheceram, no balanço, parte de um rombo de R$ 1,43 bilhão do seu fundo de pensão, o Postalis.
A expectativa era que o resultado fosse positivo em R$ 776 milhões, valor próximo do lucro de 2008, de R$ 801 milhões. Os dados estão no balanço da estatal, ao qual a Folha teve acesso e que está para ser publicado no "Diário Oficial da União".
O ministro das Comunicações, José Artur Filardi, foi convocado ontem pelo presidente Lula para uma reunião sobre a crise na estatal.
Apesar de ter provisionado parte do rombo do Postalis, a direção dos Correios ainda não assinou o termo de confissão da dívida.
O assunto aguarda decisão do Dest (Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais), do Ministério do Planejamento.
O Postalis tem um deficit atuarial de R$ 1,43 bilhão, como revelou a Folha em março, o que significa que não tem recursos para honrar todas as aposentadorias.
A estimativa inicial da direção dos Correios era que o rombo fosse de R$ 630 milhões, mas, depois que as contas foram analisadas por três consultorias (Stea, Globalprev e Rodarte), chegou-se ao valor 120% maior.
Os trabalhadores não têm obrigação de cobrir o buraco, pois ele é referente a contribuições feitas antes de 2000, quando não vigorava a regra da paridade (empresa e contribuintes colocam dinheiro na mesma proporção). Portanto, a empresa terá que cobrir sozinha o deficit.
O presidente do Postalis, Alexej Predtechensky, foi indicado pelo ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão e tem estreitas relações com a família Sarney.
Ele fez na sua gestão três investimentos milionários em empresas controladas por pessoas que aparecem na Operação Boi Barrica da Polícia Federal (rebatizada Faktor) como ligadas a um suposto esquema do empresário Fernando Sarney.
No total, na gestão de Alexej, foram investidos R$ 371,9 milhões em três empresas de energia: a Multiner e em outras duas vinculadas a ela -a Raesa (Rio Amazonas Energia) e a New Energy.
O investimento nas três empresas representa 50,06% do total destinado pelo fundo ao setor. Diretores da Multiner e da Raesa aparecem nos relatórios da Polícia Federal.

OUTRO LADO
O presidente do Postalis disse em entrevista recente à Folha que as decisões de investimento do Postalis são tomadas em colegiado.
Afirmou ainda que o rombo não se refere a resultados negativos da administração, mas é oriundo da Reserva Técnica de Serviços Anteriores (RTSA) e foi herdado quando houve mudança nos planos de aposentadoria.


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