São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2011 |
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ANÁLISE CITROS Para onde vai a citricultura, após as mudanças no setor? MAURÍCIO MENDES ESPECIAL PARA A FOLHA A citricultura brasileira ainda tem muita importância para o mercado mundial, pois 80% do suco tomado no mundo sai dos pomares e das indústrias brasileiras. Muitas mudanças ocorreram nos anos recentes. Em 2004, houve o primeiro registro de greening, na região de Araraquara. Uma ironia, já que na década de 1960 a região foi palco do impulso da citricultura e das primeiras indústrias de suco, a Cutrale e a Citrosuco. Paralelamente, as áreas de produção de citros do Brasil e da Flórida caíram drasticamente. Desde o final da década de 1990, São Paulo perdeu mais de 200 mil hectares (24%) e a Flórida perdeu 35% de sua área. Queda que ocorreu muito mais pela baixa margem de lucros do que por problemas fitossanitários. Um recente trabalho encomendado à Markestrat, pela Citrus BR, mostrou que mais da metade dos 23 mil recenseados em 1995 não estão mais na atividade. Quem ficou no negócio foram aqueles que investiram em tecnologia e conseguiram atingir boas produtividades e também os que evoluíram em gestão administrativa e comercial, conseguindo boas negociações com a indústria e/ou com o mercado interno. É cruel, mas é fato. Outro fator importante foi a redução do consumo de suco de laranja nos principais mercados consumidores, Europa e Estados Unidos. Em 2003, o mundo consumia 2,6 milhões de toneladas. Cinco anos depois, foram 2,2 milhões de toneladas. Além disso, a forte mudança em direção aos produtos de maior valor agregado fez com que as indústrias do Brasil e da Flórida investissem mais em suco pasteurizado. Essa decisão reduziu fortemente a produção de sucos concentrados (FCOJ). Não há dúvidas de que esses acontecimentos interferirão de forma decisiva nos próximos anos. E todos os atores da cadeia do setor serão atingidos. Os produtores devem estar atentos à adoção de tecnologias que aliam produtividade à sustentabilidade. Deverão também olhar com mais atenção o mercado interno brasileiro, cujo consumo tende a aumentar na medida em que o poder aquisitivo da população cresce. As indústrias, por sua vez, terão de ganhar mais em escala de produção e logística, melhorando ainda mais a rentabilidade do NFC e de outros produtos de maior valor agregado. Se a análise estiver correta, ou o mercado irá encolher e poucos tomarão suco de laranja a um preço muito alto, ou encontramos um sistema de produção consolidado -produção agrícola mais industrial- mais competitivo. Mesmo com tantos acontecimentos importantes na história recente da citricultura mundial, as principais questões a serem dominadas são o controle do greening e a maior estabilidade para a rentabilidade do setor. O equacionamento desses problemas depende fundamentalmente da união de forças entre citricultores e indústria. Os dois principais elos da cadeia devem deixar diferenças históricas para buscar soluções efetivas para o setor. E logo. MAURÍCIO MENDES é CEO da InformaEconomics FNP, consultor do Grupo de Consultores em Citros e presidente da ABMR&A. Texto Anterior: Commodities: Perdigão pode sair do mercado de salsicha Próximo Texto: Vaivém - Mauro Zafalon: Demanda e bom preço elevam plantio de soja para 25 milhões de hectares Índice | Comunicar Erros |
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