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Economistas veem risco de nova fase de crise global
Analistas questionam capacidade de recuperação de EUA e Europa
No Brasil, economistas dizem que impacto da crise global é atenuado pelo forte crescimento interno em 2010
TONI SCIARRETTA
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO
Economistas do mercado
de capitais têm dúvidas sobre o risco de o mundo cair
em uma nova fase da crise.
As dúvidas agora dizem
respeito à capacidade de recuperação dos EUA, à falta
de fôlego da maioria dos países em implementar mais
medidas de ajuda e às dificuldades para a China manter um ritmo vigoroso de
avanço, que alimenta a alta
de países como o Brasil.
O diretor do Centro de Economia Mundial da FGV, Carlos Langoni, não vê risco de
uma nova recessão mundial
ou nos países desenvolvidos.
Ele observa que praticamente todos os países industrializados estão crescendo, embora em patamares baixos.
"Toda saída de uma recessão é tortuosa. A recuperação
está mais lenta do que o esperado, mas não acredito num
duplo mergulho", disse.
O economista-chefe do
Banco Schahin, Silvio Campos Neto, considera que uma
nova recessão não é o cenário mais provável. No entanto, esse temor cresceu após a
divulgação de indicadores
fracos de produção industrial e de vendas do varejo.
"A desaceleração da economia chinesa já era esperada devido às medidas anti-inflacionárias. Num contexto
de deterioração da recuperação dos países desenvolvidos, faz aumentar a preocupação com nova recessão."
Na avaliação do Santander, a derrocada ontem se deve ao tom do comunicado do
Fed [BC dos EUA], mais pessimista do que o anterior. "O
Fed evitará contrair os recursos já injetados na economia,
o que não significa colocação
de mais dinheiro", afirmou.
No Brasil, o pessimismo foi
atenuado ontem pelas perspectivas de forte crescimento
da economia, especialmente
do consumo interno.
"O crescimento brasileiro
deste ano está garantido. Em
2011, deve cair para cerca de
5%, dependendo do cenário
externo", disse Langoni.
Segundo Campos Neto, o
mais preocupante é que muitos países não têm fôlego para novas medidas de estímulo. "Restou ao Fed recomprar
títulos para injetar liquidez
no mercado, mas nada garante que isso vai virar investimento e consumo."
Para Mirian Tavares, diretora da AGK Corretora, o comunicado do Fed deixou clara a necessidade de mais estímulos monetários para incentivar a atividade econômica. "Essa desaceleração é
saudável e positiva, uma vez
que evita a formação de bolhas e desequilíbrios", disse.
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