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Mercado da arte vive boom pré-Bienal
Arte gera R$ 200 mi por ano e artistas brasileiros multiplicam valorização; centenas de estrangeiros vêm a evento
Bienal que começa na semana que vem pode render R$ 250 mi a SP, maior renda turística depois da Fórmula 1
Divulgação
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Detalhe de obra do artista plástico Tunga
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO
Centenas de colecionadores estrangeiros e diretores
de instituições internacionais de prestígio, do MoMa à
Tate, chegam ao país na semana que vem para a abertura da 29ª Bienal de São Paulo.
As dezenas de jantares e
de visitas guiadas a galerias
que os esperam são apenas
parte de um momento oportuno para a arte brasileira,
que já movimenta estimados
R$ 200 milhões por ano.
Desde o início da década, o
mercado tem crescido a um
ritmo de 50% ao ano. Diversas obras se valorizam a 30%
ao ano, deixando para trás
outras aplicações de risco. A
força econômica do setor não
passa despercebida.
"O Brasil está na moda e as
pessoas percebem que ter arte em casa é um luxo", diz a
galerista Luisa Strina, dona
da mais antiga galeria de arte
contemporânea de São Paulo. "Primeiro, as pessoas têm
de ter casa, carro; depois, um
carro melhor. A arte é o último luxo. Um luxo necessário, que te faz pensar."
Luisa afirma que, há menos de dez anos, vendeu um
trabalho da série Metaesquema, de Hélio Oiticica, por
US$ 5.000. Na última edição
da SP Arte, feira que reúne
galeristas de todo o país, um
Metaesquema similar estava
à venda por US$ 250 mil.
"A arte se tornou um ativo
muito interessante. Tem
muita gente querendo comprar e pouca gente querendo
vender", avalia Jones Bergamin, da Bolsa de Arte.
Nem mesmo a crise internacional, que levou a uma retração do mercado de arte europeu e americano da ordem
de 30% no ano passado, fez
os preços dos artistas brasileiros caírem. "O mercado
continuou crescendo, mas o
ritmo de alta foi reduzido",
diz Bergamin. Ele estima que
o mercado deva crescer entre
10% e 20% neste ano.
VALORIZAÇÃO
Depois que a tela "O Mágico" (2001), de Beatriz Milhazes, alcançou a marca de
US$ 1 milhão em um leilão da
Sotheby"s, em 2008, o mercado de artes passou a atrair investidores interessados puramente no potencial de valorização das obras.
A Plural Capital, butique
de investimentos formada
por ex-sócios do Pactual, está estruturando um fundo de
investimentos de R$ 50 milhões para artes plásticas -o
Brazil Golden Art. Com prazo
de cinco anos, o
fundo pretende passar os
três primeiros anos adquirindo obras de artistas contemporâneos, e os dois últimos
vendendo.
Heitor Reis, um dos sócios
do fundo, diz que já captou
80% do total. "Se
analisarmos os
últimos dez
anos, os
investimentos em arte tiveram uma
valorização muito superior à
da Bolsa." De 1999 a 2009, o
Ibovespa subiu, em média,
26,03% ao ano. O BGA não
foi às compras, mas Reis já
pensa no lançamento de um
segundo
fundo.
No mundo das galerias, já
começam a surgir histórias
de especuladores, que compram na galeria e logo em seguida colocam a obra à venda em leilão.
Mas nem só de especuladores e investidores profissionais vive o mercado. Se há
20 anos dava para contar nos
dedos o número de colecionadores sérios, hoje eles passam de mil.
Novas galerias surgem a
todo instante -eram 50 no
eixo Rio-SP no início da década. Hoje são 90. A arte está na
abertura da novela da Globo
["Passione"], com trabalho
de Vik Muniz.
A Bienal tenta aproveitar
esse bom momento, depois
de cancelar seu evento dedicado à arquitetura e sofrer o
vazio na edição de 2008.
Sob comando de Heitor
Martins, sócio diretor da consultoria McKinsey, a fundação arrecadou R$ 45 milhões.
O evento deverá movimentar a economia da cidade de
São Paulo em mais de R$ 250
milhões em gastos de turistas
-o segundo evento mais importante da cidade, atrás
apenas do GP de Fórmula 1,
que gira R$ 260 milhões.
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