São Paulo, domingo, 12 de dezembro de 2010
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Favela pacificada atrai empresas no Rio Na manhã seguinte à ocupação, vendedores de serviços de TV por assinatura já circulavam no Complexo do Alemão Operadora cria pacote específico para suprir demanda do "gatonet'; bancos planejam abrir mais agências JANAINA LAGE FELIPE CARUSO DO RIO A pacificação de favelas no Rio de Janeiro abriu um novo mercado para empresas como bancos e TVs por assinatura. Foi assim no Complexo do Alemão, o conjunto de favelas ocupado pela polícia há 15 dias. Na manhã seguinte à ocupação, já circulavam nas favelas vendedores da Sky e da Via Embratel com serviços de TV por assinatura. A Sky criou um pacote para a baixa renda em favelas que receberam UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). O vendedor Eraldo da Conceição, 45, disse que em uma semana quase mil pessoas buscaram informações. "As pessoas aqui sentem falta da legalidade, mesmo que isso custe um pouco mais", disse. O serviço mais comum antes era o "gatonet", central de TV clandestina que cobrava R$ 30 por mês. Mas conciliar legalidade e orçamento é um desafio para alguns moradores. O gari comunitário José Ricardo Pereira, 37, sustenta dez pessoas com um salário de R$ 690 no morro dos Macacos, na zona norte do Rio. Ele optou por um pacote intermediário por R$ 69. "Meu filho caçula não parou de chorar até voltar a assistir a desenhos animados", disse. Na semana passada, o governador Sérgio Cabral (PMDB) disse que as 13 UPPs já atingiram mais de 300 mil pessoas e que o número pode dobrar após a instalação de unidades nos complexos do Alemão e da Penha. A projeção inclui moradores das favelas e do entorno e significa passar de 5% para 10% dos moradores da capital. Os bancos também exploram o filão. O Santander abriu uma agência no Alemão em maio, antes mesmo da pacificação, e cogita abrir mais unidades em favelas. A do Alemão conta com cerca de 600 clientes. Os serviços mais procurados são abertura de conta, crédito pessoal e poupança. EXPERIÊNCIAS Caixa e Banco do Brasil vão inaugurar agências no Alemão até o fim do ano. A Caixa planeja instalar uma lotérica e um terminal de autoatendimento ao lado de cada uma das seis estações do teleférico a ser instalado no local pelo Programa de Aceleração do Crescimento. "O Alemão é uma minicidade, com 400 mil pessoas, contando a população do entorno. Devemos trabalhar bastante com abertura de conta, poupança e seguro-desemprego", declara Nelma Tavares, superintendente da Caixa no Rio. Em alguns casos, as favelas servem de "laboratório" para o setor financeiro. A Confederação Nacional de Seguros apoia um projeto de educação financeira nos morros Santa Marta, Babilônia e Chapéu Mangueira. Para Maria Elena Bidino, da CNSeg, o projeto ajuda a discutir como simplificar produtos para a baixa renda. Mesmo sem foco na comercialização, venderam-se 40 apólices no morro Santa Marta, a maioria de seguro-funeral e seguro de vida. A formalização requer mudança de comportamento. Antes da UPP o gasto médio mensal do Santa Marta, na zona sul, era de 270 kWh por mês. Hoje, é da ordem de 170 kWh por mês. A Light, distribuidora de energia do Rio, tinha 98% de inadimplência no Santa Marta. Hoje, 98% das contas são pagas. Colaboraram DENISE MENCHEN e JOÃO PEQUENO, do Rio. Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Passeio pela praça do mercado Próximo Texto: Projeto municipal estimula formalização de negócio Índice | Comunicar Erros |
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