São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2011 |
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ANÁLISE MODA Marca de luxo se une a rede popular
VIVIAN WHITEMAN EDITORA DE MODA Com poder de compra fortalecido e mais acesso ao crédito, consumidores antes marginalizados se transformaram na grande esperança da indústria fashion. Na Europa e nos EUA, já vêm de alguns anos as parcerias entre as maiores grifes e as cadeias de lojas que vendem roupas a preço de banana. Gigantes do fast-fashion como Zara e H&M viram seus lucros subirem às alturas quando resolveram lançar linhas assinadas por grifes como Karl Lagerfeld e, mais recentemente, Lanvin. Celebridades da moda, como a top Kate Moss, ou que circulam entre o estilo e a música, como Madonna, também entraram na dança, contratadas para desenhar coleções para TopShop e H&M, respectivamente. No Brasil, o boom da classe C já se reflete nas iniciativas conjuntas de grifes de luxo e grandes redes. O exemplo mais recente foi a coleção assinada por Oskar Metsavaht, dono da grife Osklen -uma das marcas brasileiras mais bem-sucedidas no exterior-, para a Riachuelo. As peças de Oskar sumiram das araras, reflexo de que a classe C não apenas tem mais dinheiro para gastar com roupas como também está mais bem informada sobre os grandes nomes da moda nacional. As novelas também ajudam a incluir a classe C na guerra do estilo. A estilista Gloria Coelho não só veste a patricinha Melina (Mayana Moura), na novela "Passione", como lançou uma linha esportiva, com o nome da personagem, para a C&A. Mayana Moura, aliás, desfila no Fashion Rio nesta temporada pela TNG, grife que vem investindo em atores globais nas passarelas nos últimos anos e que controla uma poderosa rede de lojas com preços acessíveis. A C&A ampliou seu espaço no shopping Iguatemi, transformando-o em loja-conceito. Lá os consumidores encontram linhas especiais, como a da grife carioca Maria Bonita Extra. Os preços giram na casa dos R$ 60, enquanto numa loja da marca as peças chegam a custar R$ 2.000 ou mais. A próxima grande tacada será a coleção C&A + Stella McCartney, neste ano. Grandes estilistas brasileiros, como Alexandre Herchcovitch, criaram linhas mais acessíveis de suas marcas e também estão desenhando para nomes desconhecidos da elite fashionista. Outro fenômeno é o da procura por consumidores das classes A e B fora do eixo Rio-São Paulo. Assim, mulheres que gastavam muito em lojas locais estão sendo assediadas pelas grifes que desfilam no Fashion Rio e na São Paulo Fashion Week. Muitas delas, herdeiras do agronegócio nordestino, pegam seus jatinhos e desembarcam em São Paulo e Rio para fazer compras de peso. O fenômeno guarda semelhança com o que ocorre nos EUA há tempos -Nova York é o centro irradiador do hype, mas as grandes consumidoras americanas do seletíssimo grupo da alta-costura parisiense são as chamadas "rainhas caipiras" do petróleo texano. O próprio crescimento da cadeia têxtil e de confecção brasileira, que faturou US$ 47,4 bilhões em 2009 e, segundo dados preliminares da Abit, chegou aos US$ 52 bilhões em 2010, ajuda a entender os motivos e os resultados dessa busca por novos consumidores. Alguns preconceitos do circuito fashion, enfim, terão de cair de moda em nome dos negócios. Texto Anterior: Grifes ampliam mercado com 2ª marca Próximo Texto: Lojista do Nordeste vira comprador disputado em feira Índice | Comunicar Erros |
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