São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2011

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Medida é reação a barreiras da Argentina

Fim de licenciamento automático afeta setor automotivo do vizinho, que vinha impondo limites a brasileiros

600 itens brasileiros perderam licença automática; caminhões com chocolate estão retidos desde a Páscoa

VALDO CRUZ
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

O governo Dilma decidiu mirar no principal setor de exportação da Argentina para o Brasil, o automotivo, para forçar a presidente Cristina Kirchner a rever medidas que barram a entrada de produtos nacionais no vizinho.
Desde terça, a liberação de importação de veículos acabados para o Brasil deixou de ser automática e tem prazo de até 60 dias para ser autorizada. Apesar de valer para todos os países, o alvo principal da medida é a Argentina.
A decisão do governo brasileiro já se refletiu no comércio entre os dois países. Cerca de 70 caminhões com veículos argentinos aguardam autorização para transportar os produtos para o Brasil.
A medida foi tomada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio em resposta às recentes decisões da Argentina, que aumentou de 400 para 600 o número de itens que deixam de ter licença automática de importação, afetando exportações brasileiras.
Dados do governo mostram que 35 caminhões com produtos brasileiros da linha branca (geladeira, ar-condicionado etc.) estão parados na fronteira aguardando liberação. Há também caminhões retidos com chocolate desde a Páscoa.
Reservadamente, o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) comentou com empresários que o Brasil não quer adotar o mesmo caminho da Argentina, retendo importações indistintamente, mas baixou a medida na terça-feira para forçar o país vizinho a negociar.

CARTA
Pimentel chegou a enviar uma carta nesse sentido à ministra da Indústria argentina, Débora Giorgi. Ela alegou não ter recebido a correspondência, retransmitida por fax pelo ministério.
Oficialmente, o governo vai desvincular a decisão como represália à Argentina, argumentando que ela atinge todos os países e se deu porque, de abril de 2010 a 2011, a importação de veículos cresceu 80%. Afinal, a OMC (Organização Mundial de Comércio) condena medidas retaliatórias direcionadas a um único país.
A orientação é que as importações de outros países sejam liberadas entre 10 e 20 dias, enquanto as da Argentina deverão aguardar o prazo máximo de 60 dias.
Automóveis de passageiros são o principal item de exportação da Argentina para o Brasil. Representam quase 1/4 das mercadorias vindas do país vizinho.
A Argentina prometeu analisar as retenções de exportações brasileiras num prazo de 60 dias, encerrado na semana passada sem nenhuma posição favorável às empresas nacionais. Isso levou o governo a colocar veículos acabados no canal não automático de importação.


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