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Capitalizações podem atingir R$ 83 bi
Segundo economistas, ação do governo pode criar ineficiências e desestimular investimentos do setor privado
Montante é suficiente para construir as usinas hidrelétricas de Belo Monte, Santo Antonio e Jirau, além do trem-bala
Ricardo Stuckert - 20.jul.09/PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine; governo vai injetar até R$ 2,2 bi na instituição financeira
VALDO CRUZ
LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA
Como reflexo da política
de aumento da presença do
Estado na economia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode aumentar em 70% a
participação do Tesouro nas
empresas estatais em 2010,
seu último ano de mandato,
na comparação com a posição do ano passado.
Esse é o cenário previsto
após as capitalizações da Petrobras, do Banco do Brasil,
da Eletrobras e da Telebrás
dentro do cronograma montado pela equipe de Lula, todas em curso nessa reta final
de governo petista.
Somadas, as operações de
aumento de capital das quatro empresas podem atingir
R$ 83 bilhões no segundo semestre de 2010, valor próximo dos R$ 117,6 bilhões que o
Tesouro Nacional detinha diretamente em 121 estatais no
ano passado, segundo dados
do próprio órgão.
O investimento nessas
operações é suficiente para
construir o trem-bala e as usinas de Belo Monte (PA), Santo Antonio e Jirau (ambas no
rio Madeira, em Rondônia).
Equivale ainda a duas vezes
os investimentos federais no
PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) previstos para o primeiro ano do
próximo governo.
Ao todo, o Tesouro tem
participação majoritária em
45 empresas e minoritária em
76. Computadas as participações indiretas, a União possui 175 empresas estatais.
Durante o governo Lula, quatro empresas foram criadas, e
outras duas já estão autorizadas a operar.
O foco do governo Lula em
seu segundo mandato foi aumentar o poder de estatais
dos setores financeiro e de
energia, com aportes de capital no BB, no BNDES, na Petrobras e na Eletrobras. A estratégia foi montada para elevar os investimentos em infraestrutura e aumentar o
crédito no país.
Apenas nos primeiros três
anos de seu segundo mandato, entre 2007 e 2009, o governo Lula já havia promovido a elevação de capital em
empresas estatais que totalizaram R$ 55 bilhões.
SONHO PRESIDENCIAL
O salto de 70% na parcela
do Tesouro no mundo estatal
em 2010 está concentrado na
Petrobras. O aumento de capital da União na petroleira
pode atingir R$ 74,8 bilhões,
destinado a cumprir o sonho
de Lula de fazer o governo
"mais dono" da empresa.
O presidente deseja terminar seu mandato com a bandeira de que conseguiu recomprar boa parte das ações
que o tucano FHC vendeu para o setor privado. Hoje, a
União detém cerca de 40%
da Petrobras, entre ações do
Tesouro e do BNDES. Os 60%
restantes estão no mercado,
principalmente nas mãos de
estrangeiros.
A conclusão da capitalização da empresa está marcada
para o dia 30 de setembro. Ou
seja, às vésperas do primeiro
turno da eleição presidencial, quando Lula espera eleger Dilma Rousseff (PT) sua
sucessora.
Depois da Petrobras, o governo vai injetar até R$ 2,2 bilhões no Banco do Brasil,
R$ 4,8 bilhões na Eletrobras e
R$ 1,4 bilhão na Telebrás.
RISCO FISCAL
Economistas admitem que
a estratégia de Lula em seu
segundo mandato, gerou aumento de crescimento do
país a curto prazo, mas alertam para os riscos fiscais de
médio e longo prazo e para os
desestímulos a investimentos do setor privado.
"Está no DNA desse governo fortalecer as estatais. Pode-se até falar que são ações
bem-intencionadas, mas, no
futuro, podemos ter a volta
de um Estado competindo
com o setor privado, gerando
ineficiências e desestímulos
aos investimentos dos empresários", afirma o economista Mansueto Almeida, do
Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada).
O economista Felipe Salto,
da consultoria Tendências,
destaca que, mantida essa
estratégia no próximo governo, o risco é o país enfrentar
problemas fiscais por conta
do peso dessa política nas
contas do Tesouro.
"Hoje, é verdade, a dívida
líquida está caindo. Mas, no
médio e longo prazos, essa
política terá impacto fiscal,
como já ocorreu no passado", diz Salto.
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