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Após derrota interna, Obama também perde prestígio externo
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
O presidente dos EUA, Barack Obama, nem terminou
sua viagem à Ásia e já é visto
como o grande perdedor,
após ser crucificado no G20
pelas políticas econômicas
americanas e ver naufragar o
acordo de livre comércio com
a Coreia do Sul.
Pouco depois da derrota
nas eleições para o Congresso, quando a oposição retomou controle da Câmara dos
Representantes, a situação
interna se complica ainda
mais para Obama com a queda de prestígio no exterior.
O racha entre os EUA e as
demais potências do G20, especialmente tradicionais
aliados como Reino Unido e
Alemanha, culminou numa
cúpula em Seul finalizada
sem resultado de impacto.
A imprensa americana
afirmou em uníssono que os
fracassos na Ásia deixaram
líderes mundiais questionando a autoridade dos EUA.
Foram notadas principalmente as críticas à decisão
(autônoma) do Fed de injetar
mais US$ 600 bilhões na economia americana e a reviravolta na posição da China,
que de vilã manipuladora de
moeda passou a dar sermões
a Washington no tema.
"A confiança na liderança
econômica dos EUA no mundo continua a decair", disse
Stewart Patrick, ex-membro
do Departamento de Estado,
em análise no Council on Foreign Relations.
"Obama chegou a Seul logo depois que seu partido foi
trucidado nas eleições e encontrou seus parceiros do
G20 céticos quanto a sua capacidade de cumprir obrigações internacionais."
Em entrevista à Folha, Patrick afirmou que Obama
"precisava dessa vitórias"
depois do fracasso nas eleições legislativas. "Presidentes sempre vão atrás de sucesso no exterior quando são
derrotados em casa."
Ele prevê repercussões internas, ao menos indiretamente. "A falha em convencer a China a valorizar o yuan
vai levar à maior confrontação com os republicanos no
Congresso no tema. E, quanto menos coordenação há entre grandes economias sobre
como recuperar o crescimento, mais difícil deverá ficar a
situação fiscal nos EUA e menos margem de manobra terá
Obama com a oposição."
A grita contra a injeção de
US$ 600 bilhões também
contaminou o cenário interno. Alan Greenspan, ex-presidente do Fed, acusou o governo de "investir em políticas para enfraquecer o dólar"
-a injeção equivale a impressão de moeda, o que provoca queda de valor.
O secretário do Tesouro
dos EUA, Timothy Geithner,
rebateu dizendo que "jamais
tentaremos enfraquecer nossa moeda para ganhar vantagem competitiva".
Pesquisa da Bloomberg
com investidores internacionais aponta que 69% deles
creem que os EUA estão "deliberadamente mantendo o
valor do dólar baixo em relação a outras moedas".
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