São Paulo, segunda-feira, 14 de junho de 2010

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FOLHAINVEST

Investimento em joias requer estratégia

Peças valiosas são fonte de crédito mais barato quando penhoradas, mas nem sempre sua revenda garante lucro

Itens são precificados pelo valor de seus materiais; design não conta no penhor e no mercado secundário

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Apaixonada por joia, a empresária Rosana Hollo decidiu fazer do adorno fonte de financiamento dos negócios.
Há oito anos, quando precisou de recursos para expandir sua empresa de cosméticos, a Aromas e Cia., ela ficou assustada com os juros "exorbitantes" dos bancos.
Hollo decidiu, então, penhorar suas peças na Caixa Econômica Federal, onde os juros mensais variam de 1,95% a 2,25%, dependendo da renda do cliente. Como a joia fica como garantia, os juros são menores que os das demais modalidades de financiamento.
Deu tão certo que a empresária passou a investir em mais peças para usá-las como fonte de crédito. Hollo já chegou a recorrer ao penhor três vezes em um mesmo ano e a levantar R$ 30 mil para comprar maquinário.
Resultado: acabou criando truques para facilitar o resgate. "O ideal é fazer lotes de pequeno valor, entre R$ 2.500 e R$ 3.500. Já tive até 17 lotes penhorados ao mesmo tempo e cada mês resgatava um. Se tenho uma joia muito valiosa, separo as peças em lotes diferentes", diz.
Apesar de joia ser fonte de crédito barato, sua venda nem sempre é lucrativa. Em alguns casos, a peça se valoriza ao longo do tempo com a alta do preço de seus materiais, como metais e pedras. No entanto, o valor do design da joia se perde na revenda.
"Eventualmente, é possível ter ganhos, mas é difícil prever", diz Ecio Morais, diretor do Sindijoias (Sindicato das Indústrias de Joalheria, Bijuteria e Lapidação do Estado de São Paulo). "Dê uma joia para sua mulher e faça um investimento afetivo."

PREÇO JUSTO
Já Renato Castro Santos, diretor da Ajesp (Associação das Joalherias do Estado de São Paulo), considera que ouro e joias preciosas são um bom investimento.
Segundo Santos, diamantes, safiras, rubis e esmeraldas são pedras raras, com alto valor de mercado. O ouro também voltou a ser boa opção após forte valorização. O valor do grama na BM&FBovespa subiu de R$ 17,80, em 2000, para R$ 72, em 2010.
Aos que querem vender joias, Santos aconselha procurar a própria joalheria onde comprou a peça para avaliar o preço justo.
O design também não é levado em conta no penhor. Quando notou que as joias só valiam pelo material, Rosana Hollo diz que começou a prestar mais atenção ao quilate das pedras adquiridas.
"Há uns dez anos, passei a comprar pensando em necessidades futuras. Invisto muito em joias porque acho que faço dinheiro com elas".
Além de joias, o penhor da Caixa aceita outros objetos em ouro, além de canetas e relógios de alto valor. Nessa modalidade de crédito, o banco liberou R$ 1,89 bilhão até abril, alta de 7,5%.
A Caixa empresta até 85% do valor do item penhorado, respeitado o limite de R$ 100 mil. Não há consulta de restrição cadastral. O cliente só precisa apresentar os originais do CPF, documento de identificação oficial e comprovante de endereço.


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