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FOLHAINVEST
Investimento em joias requer estratégia
Peças valiosas são fonte de crédito mais barato quando penhoradas, mas nem sempre sua revenda garante lucro
Itens são precificados pelo valor de seus materiais; design não conta no penhor e no mercado secundário
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO
Apaixonada por joia, a empresária Rosana Hollo decidiu fazer do adorno fonte de
financiamento dos negócios.
Há oito anos, quando precisou de recursos para expandir sua empresa de cosméticos, a Aromas e Cia., ela
ficou assustada com os juros
"exorbitantes" dos bancos.
Hollo decidiu, então, penhorar suas peças na Caixa
Econômica Federal, onde os
juros mensais variam de
1,95% a 2,25%, dependendo
da renda do cliente. Como a
joia fica como garantia, os juros são menores que os das
demais modalidades de financiamento.
Deu tão certo que a empresária passou a investir em
mais peças para usá-las como fonte de crédito. Hollo já
chegou a recorrer ao penhor
três vezes em um mesmo ano
e a levantar R$ 30 mil para
comprar maquinário.
Resultado: acabou criando truques para facilitar o
resgate. "O ideal é fazer lotes
de pequeno valor, entre R$
2.500 e R$ 3.500. Já tive até 17
lotes penhorados ao mesmo
tempo e cada mês resgatava
um. Se tenho uma joia muito
valiosa, separo as peças em
lotes diferentes", diz.
Apesar de joia ser fonte de
crédito barato, sua venda
nem sempre é lucrativa. Em
alguns casos, a peça se valoriza ao longo do tempo com a
alta do preço de seus materiais, como metais e pedras.
No entanto, o valor do design
da joia se perde na revenda.
"Eventualmente, é possível ter ganhos, mas é difícil
prever", diz Ecio Morais, diretor do Sindijoias (Sindicato
das Indústrias de Joalheria,
Bijuteria e Lapidação do Estado de São Paulo). "Dê uma
joia para sua mulher e faça
um investimento afetivo."
PREÇO JUSTO
Já Renato Castro Santos,
diretor da Ajesp (Associação
das Joalherias do Estado de
São Paulo), considera que
ouro e joias preciosas são um
bom investimento.
Segundo Santos, diamantes, safiras, rubis e esmeraldas são pedras raras, com alto valor de mercado. O ouro
também voltou a ser boa opção após forte valorização. O
valor do grama na BM&FBovespa subiu de R$ 17,80, em
2000, para R$ 72, em 2010.
Aos que querem vender
joias, Santos aconselha procurar a própria joalheria onde comprou a peça para avaliar o preço justo.
O design também não é levado em conta no penhor.
Quando notou que as joias só
valiam pelo material, Rosana
Hollo diz que começou a
prestar mais atenção ao quilate das pedras adquiridas.
"Há uns dez anos, passei a
comprar pensando em necessidades futuras. Invisto
muito em joias porque acho
que faço dinheiro com elas".
Além de joias, o penhor da
Caixa aceita outros objetos
em ouro, além de canetas e
relógios de alto valor. Nessa
modalidade de crédito, o
banco liberou R$ 1,89 bilhão
até abril, alta de 7,5%.
A Caixa empresta até 85%
do valor do item penhorado,
respeitado o limite de R$ 100
mil. Não há consulta de restrição cadastral. O cliente só
precisa apresentar os originais do CPF, documento de
identificação oficial e comprovante de endereço.
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