São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2010

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Petrobras perde 1/4 do valor em Bolsa

Entre as grandes petroleiras, desvalorização em 2010 só é inferior à da BP; incertezas sobre capitalização afetam ações

Investidor ainda não sabe quanto terá de pagar para participar de capitalização, prevista para setembro

RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO
SAMANTHA LIMA
DO RIO

As incertezas que envolvem o processo de capitalização da Petrobras provocaram nos últimos meses uma desvalorização intensa das ações da estatal, ampliando as pressões que o governo sofre para definir as condições em que a operação será feita.
De janeiro até ontem, o valor de mercado da Petrobras diminuiu 24,49% em dólares, segundo a agência Bloomberg. Os papéis da estatal se desvalorizaram mais que os de outras companhias de petróleo internacionais.
A única grande empresa do setor com desempenho pior que o da Petrobras neste ano é a BP, cujo futuro é ameaçado por custos decorrentes do desastre ambiental causado pela explosão de uma de suas plataformas em abril, no golfo do México.
O valor de mercado da BP caiu 30,57% neste ano. As ações de outras empresas do setor, como a americana Exxon Mobil, controladora da Esso no Brasil, e a anglo-holandesa Royal Dutch Shell, também se desvalorizaram, mas sofreram perdas menores.

INVESTIMENTOS
A Petrobras está apanhando dos investidores porque eles ainda não sabem o preço que terão de pagar para participar do processo de capitalização da empresa. O governo promete fazer a operação até o fim de setembro, mas a data ainda não foi marcada.
O processo de capitalização poderá injetar na Petrobras até R$ 150 bilhões em recursos que a empresa quer usar para financiar a exploração dos campos de petróleo do pré-sal, construir refinarias e realizar outros investimentos previstos no seu ambicioso plano de negócios.
A Petrobras espera obter parte significativa desses recursos com a ajuda de investidores que hoje são seus acionistas minoritários, mas tudo dependerá do preço que for definido pelas reservas de petróleo que a União entregará à empresa na operação.
A União tem 32% do capital da Petrobras e entregará à empresa o equivalente a 5 bilhões de barris de petróleo para fazer sua parte no aumento de capital. A avaliação das reservas depende de estudos encomendados a consultoria pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), a serem concluídos em agosto.
Os analistas estimam que o valor das reservas ficará entre US$ 5 e US$ 6 por barril de petróleo. Analistas do banco Crédit Suisse apostam que o preço será mais alto, entre US$ 7 e US$ 8 por barril.

FUTURO
Quanto maior o valor atribuído a essas reservas, maior será o volume de recursos que os investidores terão que desembolsar pelas novas ações que serão emitidas pela Petrobras e maior será o custo que os minoritários terão para evitar que seu quinhão na distribuição de dividendos da empresa encolha.
"O preço da ação está sofrendo por causa das dúvidas que envolvem o processo de capitalização, e não porque os investidores tenham ficado subitamente inseguros sobre o futuro da empresa no longo prazo", afirmou o analista Gilberto Pereira de Souza, do Banco Espírito Santo.
É ruim para quem está preocupado com o curto prazo, mas não necessariamente para quem tem tempo. "Poucas empresas no mundo têm o potencial de crescimento da Petrobras nos próximos anos, e as ações estão baratas", disse Marcos Saravalle, da corretora Coinvalores.

Colaboraram ÁLVARO FAGUNDES e TONI SCIARRETTA, de São Paulo

FOLHA.com
Ouça comentário da repórter Samantha Lima
folha.com.br/mm766314


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