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Petrobras perde 1/4 do valor em Bolsa
Entre as grandes petroleiras, desvalorização em 2010 só é inferior à da BP; incertezas sobre capitalização afetam ações
Investidor ainda não
sabe quanto terá
de pagar para participar de capitalização,
prevista para setembro
RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO
SAMANTHA LIMA
DO RIO
As incertezas que envolvem o processo de capitalização da Petrobras provocaram
nos últimos meses uma desvalorização intensa das
ações da estatal, ampliando
as pressões que o governo sofre para definir as condições
em que a operação será feita.
De janeiro até ontem, o valor de mercado da Petrobras
diminuiu 24,49% em dólares, segundo a agência
Bloomberg. Os papéis da estatal se desvalorizaram mais
que os de outras companhias
de petróleo internacionais.
A única grande empresa
do setor com desempenho
pior que o da Petrobras neste
ano é a BP, cujo futuro é
ameaçado por custos decorrentes do desastre ambiental
causado pela explosão de
uma de suas plataformas em
abril, no golfo do México.
O valor de mercado da BP
caiu 30,57% neste ano. As
ações de outras empresas do
setor, como a americana Exxon Mobil, controladora da
Esso no Brasil, e a anglo-holandesa Royal Dutch Shell,
também se desvalorizaram,
mas sofreram perdas menores.
INVESTIMENTOS
A Petrobras está apanhando dos investidores porque
eles ainda não sabem o preço
que terão de pagar para participar do processo de capitalização da empresa. O governo
promete fazer a operação até
o fim de setembro, mas a data ainda não foi marcada.
O processo de capitalização poderá injetar na Petrobras até R$ 150 bilhões em recursos que a empresa quer
usar para financiar a exploração dos campos de petróleo
do pré-sal, construir refinarias e realizar outros investimentos previstos no seu ambicioso plano de negócios.
A Petrobras espera obter
parte significativa desses recursos com a ajuda de investidores que hoje são seus
acionistas minoritários, mas
tudo dependerá do preço que
for definido pelas reservas de
petróleo que a União entregará à empresa na operação.
A União tem 32% do capital da Petrobras e entregará à
empresa o equivalente a 5 bilhões de barris de petróleo
para fazer sua parte no aumento de capital. A avaliação
das reservas depende de estudos encomendados a consultoria pela ANP (Agência
Nacional do Petróleo), a serem concluídos em agosto.
Os analistas estimam que
o valor das reservas ficará entre US$ 5 e US$ 6 por barril de
petróleo. Analistas do banco
Crédit Suisse apostam que o
preço será mais alto, entre
US$ 7 e US$ 8 por barril.
FUTURO
Quanto maior o valor atribuído a essas reservas, maior
será o volume de recursos
que os investidores terão que
desembolsar pelas novas
ações que serão emitidas pela Petrobras e maior será o
custo que os minoritários terão para evitar que seu quinhão na distribuição de dividendos da empresa encolha.
"O preço da ação está sofrendo por causa das dúvidas
que envolvem o processo de
capitalização, e não porque
os investidores tenham ficado subitamente inseguros
sobre o futuro da empresa no
longo prazo", afirmou o analista Gilberto Pereira de Souza, do Banco Espírito Santo.
É ruim para quem está
preocupado com o curto prazo, mas não necessariamente
para quem tem tempo. "Poucas empresas no mundo têm
o potencial de crescimento
da Petrobras nos próximos
anos, e as ações estão baratas", disse Marcos Saravalle,
da corretora Coinvalores.
Colaboraram ÁLVARO FAGUNDES e
TONI SCIARRETTA, de São Paulo
FOLHA.com
Ouça comentário da
repórter Samantha Lima
folha.com.br/mm766314
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