São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2011

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Teles disputam espólio de TVs abertas

Lobby das operadoras começou cinco anos antes do fim da televisão analógica, previsto para ocorrer em 2016

Empresas querem que a Anatel reserve essa faixa de frequência para a implantação da tecnologia 4G

ELVIRA LOBATO

EM SÃO PAULO

Começou o lobby das companhias telefônicas para herdar as frequências que serão liberadas pelas televisões abertas em 2016, quando serão encerradas as transmissões analógicas.
Com a substituição da TV analógica pela digital, os radiodifusores terão de devolver ao governo grande quantidade de frequências na faixa de 700 megahertz, que se tornaram valiosas com o advento da banda larga móvel.
As teles querem que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) reserve, desde já, essa faixa de frequência para a implantação da telefonia celular de quarta geração, que promete velocidade de transmissão de dados maior do que a tecnologia 3G, implantada há apenas três anos no Brasil.
O governo brasileiro já se comprometeu a implantar o 4G antes da Copa de 2014, usando a faixa de frequência de 2,5 gigahertz. A Anatel, inclusive, já prepara os editais para o leilão de venda dessa frequência em abril de 2012.
Ontem, o presidente da TIM, Luca Luciani, defendeu o adiamento do leilão. Ele argumenta que as várias tecnologias celulares em uso encarecem o serviço para o usuário e reduzem a capacidade das empresas de investir na implantação da banda larga móvel no interior do país.
"O que é melhor para o Brasil: ter a quarta geração do celular disponível nos Jardins (bairro nobre de São Paulo) ou levar a banda larga móvel à Amazônia com uma tecnologia mais antiga, mas que ainda é eficaz?"
O presidente da Oi, Francisco Valim, defendeu que, antes do leilão, a Anatel ponha em discussão pública um planejamento de longo prazo, com previsão de leilão das frequências de 700 megahertz a serem liberadas em 2016 pelos radiodifusores.
Segundo o executivo, essa faixa é mais eficiente para banda larga móvel do que a que será leiloada pela Anatel no ano que vem.
As empresas usam como referência a experiência norte-americana. A transmissão de TV analógica nos EUA chegou ao fim em junho de 2009, e as frequências foram leiloadas para implantação do 4G, que já conta com cerca de 1,8 milhão de assinantes.

ANATEL REJEITA
O conselheiro da Anatel João Rezende afirmou ontem, em São Paulo, que "não há chance" de adiamento do leilão de abril. "O compromisso de implantação do serviço antes da Copa de 2014 foi firmado por decreto presidencial", disse o conselheiro.
A Anatel também não quer antecipar a discussão sobre o destino das frequências da TV analógica.
Segundo Rezende, a TV aberta tem uma relevância no Brasil que não possuía nos Estados Unidos, onde sempre predominaram as TVs a cabo.
"A redestinação das frequências só deve ser discutida depois de encerrada a TV analógica. Inverter o processo seria um desgaste político para a Anatel", afirmou.


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