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China quer investir em transmissão de energia no Brasil
Interesse brasileiro se concentra em importar tecnologia para linhas de longas distâncias, consideradas de ponta
Aneel quer impor
condições para obrigar
os chineses a transferir
tecnologia e também
fábricas para o Brasil
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
Depois do primeiro passo
no setor elétrico brasileiro
por meio da compra de sete
concessionárias de energia, a
China quer agora investir nos
setores de transmissão e geração, afirmou ontem em Pequim o diretor-geral da Aneel
(Agência Nacional de Energia Elétrica), Nelson Hübner.
Do lado brasileiro, o maior
interesse está na importação
de tecnologia chinesa em linhas de transmissão para
longas distâncias, considerada de ponta. No Brasil, as linhas chegam a 600 KV (quilovolts) em corrente contínua, enquanto a China é o
único país a alcançar um padrão de 1.000 KV.
Essa tecnologia, explica
Hübner, é a mais eficaz para
cobrir distâncias de até 2.000
km -assim como o Brasil,
vários dos importantes centros de produção de energia
chineses estão longe dos
principais mercados consumidores. Assim, uma linha
de transmissão chinesa consegue substituir quatro linhas mais convencionais.
O potencial para uso da
tecnologia chinesa está principalmente nos projetos na
área amazônica, que concentra os grandes investimentos
do setor. É o caso da usina
Belo Monte (PA), cujo leilão
para transmissão da energia
deve ocorrer no ano que vem.
Por outro lado, a Aneel
quer impor condições, como
a transferência de tecnologia, num modelo semelhante
ao adotado pela China para
as multinacionais no país.
"Não nos interessa comprar uma tecnologia que só
os chineses têm e ficar na
mão deles. Estamos discutindo muito com eles a possibilidade de eles levarem a fabricação de equipamentos.
Queremos usar com eles as
mesmas políticas que eles
usam com as nossas empresas", disse Hübner, em entrevista na Embaixada do Brasil
em Pequim.
O diretor-geral da Aneel
também vê dificuldades dos
chineses para entender o modelo de concessão brasileiro
e para obter informações
atualizadas. Como exemplo,
contou que, durante encontro ontem com o ministro da
Energia chinês, Zhang Guobao, ele demonstrou interesse no leilão para a construção
da usina de Belo Monte, cujo
resultado já saiu seis meses
atrás, em abril.
Hübner diz que, na área de
geração, os chineses demonstraram interesse em investir principalmente em
energia eólica e que já há
conversas com a Eletrobras.
Em maio, a gigante estatal
chinesa State Grid anunciou
a compra de sete concessionárias no Brasil por R$ 3,1 bilhões. O negócio foi considerado um teste para conhecer
o mercado brasileiro.
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