São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2010

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ANÁLISE

Demanda por bens duráveis cairá nos próximos meses

ALEXANDRE ANDRADE
ESPECIAL PARA A FOLHA

As informações referentes a maio da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE confirmaram que a demanda doméstica mantém trajetória de elevação. Não existem, até o momento, sinais de enfraquecimento da demanda por conta do aumento na taxa básica de juros (Selic) promovido pelo Banco Central.
Tais efeitos devem aparecer com maior intensidade a partir do segundo semestre. No entanto, a piora nas condições (custo e prazo) de crédito não deve provocar retração na demanda de bens duráveis (como imóveis), pois a boa evolução do mercado de trabalho deve atuar na direção oposta à do crédito.
É possível perceber uma desaceleração nas vendas de alguns itens que tiveram incentivos fiscais (subsídios na forma de renúncia a parte da receita com impostos) retirados recentemente.
As quedas observadas na comercialização de móveis, eletrodomésticos e veículos em comparação ao mês anterior, por exemplo, sinalizam isso. Esse movimento já era esperado, visto que o efeito de antecipação de consumo produzido pelas medidas do governo não é desprezível.
Alguns exercícios realizados pela Tendências para o mercado de automóveis mostram que a redução do IPI produziu efeito positivo de 12%. Ou seja, a redução desse imposto tem um efeito líquido positivo, levando a um aumento de 12% nas vendas.
Pode-se estender o mesmo raciocínio para o caso de outros produtos cujas alíquotas de IPI foram reduzidas. Dessa forma, é natural esperar uma perda de força na demanda por itens que tiveram aumento de preço com a volta das alíquotas de IPI a patamares mais elevados.
O menor ímpeto nas vendas de alguns itens duráveis deve persistir nos próximos meses, com o aumento no custo do crédito para os consumidores. As taxas finais das principais linhas de crédito devem subir e os prazos de pagamento não devem se alongar tanto.
Em suma, deve ocorrer enfraquecimento na demanda por crédito, o que afetará as vendas de bens duráveis.


ALEXANDRE ANDRADE é mestre em economia pela FEA-USP e analista da Tendências Consultoria.


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