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ANÁLISE
Demanda por bens duráveis cairá nos próximos meses
ALEXANDRE ANDRADE
ESPECIAL PARA A FOLHA
As informações referentes
a maio da Pesquisa Mensal
de Comércio (PMC) do IBGE
confirmaram que a demanda
doméstica mantém trajetória
de elevação. Não existem, até
o momento, sinais de enfraquecimento da demanda por
conta do aumento na taxa
básica de juros (Selic) promovido pelo Banco Central.
Tais efeitos devem aparecer com maior intensidade a
partir do segundo semestre.
No entanto, a piora nas condições (custo e prazo) de crédito não deve provocar retração na demanda de bens duráveis (como imóveis), pois a
boa evolução do mercado de
trabalho deve atuar na direção oposta à do crédito.
É possível perceber uma
desaceleração nas vendas de
alguns itens que tiveram incentivos fiscais (subsídios na
forma de renúncia a parte da
receita com impostos) retirados recentemente.
As quedas observadas na
comercialização de móveis,
eletrodomésticos e veículos
em comparação ao mês anterior, por exemplo, sinalizam
isso. Esse movimento já era
esperado, visto que o efeito
de antecipação de consumo
produzido pelas medidas do
governo não é desprezível.
Alguns exercícios realizados pela Tendências para o
mercado de automóveis mostram que a redução do IPI
produziu efeito positivo de
12%. Ou seja, a redução desse imposto tem um efeito líquido positivo, levando a um
aumento de 12% nas vendas.
Pode-se estender o mesmo
raciocínio para o caso de outros produtos cujas alíquotas
de IPI foram reduzidas. Dessa forma, é natural esperar
uma perda de força na demanda por itens que tiveram
aumento de preço com a volta das alíquotas de IPI a patamares mais elevados.
O menor ímpeto nas vendas de alguns itens duráveis
deve persistir nos próximos
meses, com o aumento no
custo do crédito para os consumidores. As taxas finais
das principais linhas de crédito devem subir e os prazos
de pagamento não devem se
alongar tanto.
Em suma, deve ocorrer enfraquecimento na demanda
por crédito, o que afetará as
vendas de bens duráveis.
ALEXANDRE ANDRADE é mestre em
economia pela FEA-USP e analista da
Tendências Consultoria.
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