São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2011

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ANÁLISE

O Brasil, de novo, assume o papel de bola da vez

RAPHAEL MARTELLO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O bom potencial de crescimento da economia e as taxas de juros elevadas tornam os ativos brasileiros atrativos aos investidores estrangeiros.
E, diferentemente do mundo avançado, o aspecto fiscal segue razoavelmente sob controle, num ambiente em que a relação dívida/PIB é favorável na comparação com outros países.
Enquanto isso, mundo afora, as dívidas são crescentes, os juros são baixos e as economias, pouco dinâmicas.
Nos últimos anos, os asiáticos, sobretudo a China, têm acumulado superavit em transações correntes. De 2003 a 2007, eles aproveitaram o bom momento dos Estados Unidos e da Europa para gerar caixa via exportações.
Até a crise de 2008, esses recursos naturalmente voltavam ao próprio mercado consumidor desenvolvido, na forma de investimentos financeiros ou diretos.
Contudo, a Europa enfrenta grave crise fiscal e a exigência de ajuste implica um crescimento baixo na região.
Com isso, a opção de investir no setor privado europeu não surge como promissora.
A possibilidade de reestruturação das dívidas e as incertezas sobre a evolução da crise também limitam o interesse nos papéis soberanos da região.
Nos EUA, a dívida pública está na iminência de alcançar o limite imposto pelo Legislativo. E a demora para aprovação de um teto mais alto para a dívida ameaça levar o sistema financeiro a um novo período de turbulência.
Mesmo ainda considerado "o ativo mais seguro do mundo", as reservas internacionais globais já têm estoques elevados de títulos do Tesouro americano.
A economia dos Estados Unidos, por sua vez, até dava sinais de melhora no final de 2010, mas os fracos números recentes do emprego sugerem que a recuperação pode ser mais lenta que o esperado.
É aí que se destaca o Brasil, que tem crescido acima da média mundial.
A política de transferências de renda e os contínuos ganhos salariais deram força ao mercado interno, que puxou o desempenho relativamente bom entre 2008 e 2010.
Embora com alguma moderação, essa conjuntura de crescimento da economia brasileira deve continuar nos próximos anos, ainda que à custa de inflação acima do centro da meta, atraindo a atenção dos investidores internacionais.

RAPHAEL MARTELLO é economista da Tendências Consultoria Integrada.


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