São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE COMBUSTÍVEIS

Reajuste nos preços da gasolina e do diesel até o final do ano é improvável

WALTER DE VITTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A elevação dos preços do petróleo, intensificada pelas agitações políticas no Oriente Médio e no norte da África, tem gerado especulações sobre os possíveis reflexos sobre os preços no Brasil.
Nosso cenário, contudo, contempla uma baixa possibilidade de reajustes para esses combustíveis em 2011.
O preço final ao consumidor depende de uma série de variáveis, como percentuais e preços dos biocombustíveis na mistura, tributos, custos de frete e margens de lucro da distribuição e do varejo.
Porém, o principal componente são os valores que as refinarias cobram pela gasolina e pelo diesel, cujos reajustes não estão submetidos a regulamentação específica.
Na prática, a alta concentração do mercado nas mãos da Petrobras permite que a empresa e o governo determinem a formação de preços.
Ainda que não haja um parâmetro definido para os reajustes, a evolução da defasagem do preço do combustível no mercado interno em relação ao externo é o principal instrumento para tentar antever eventuais correções e traçar cenários para o comportamento futuro das cotações domésticas. E o que se observa nos últimos anos é que a Petrobras reajusta os preços da gasolina com maior frequência quando a defasagem no curto prazo está alinhada com a defasagem média desde o último reajuste. A correção dos preços do diesel, por sua vez, costuma acompanhar os movimentos da gasolina.
No dia 11 deste mês, os preços da gasolina e do diesel cobrados pelas refinarias da Petrobras estavam cotados, respectivamente, 4,9% e 6% abaixo dos preços de referência internacionais (mercado do golfo dos EUA).
Contudo, considerando a média desde o último reajuste, em junho de 2009, os preços desses combustíveis ainda estavam 6,7% e 14,5% acima das cotações dos "benchmarks" (referências) internacionais, respectivamente.
Com base em cenários para o preço do barril de petróleo e para a taxa de câmbio (real versus dólar), realizamos exercícios para estimar as defasagens da gasolina e do diesel para este ano.
Em um cenário em que os preços do Brent permaneçam pressionados (ao redor de US$ 100 por barril, na média do ano) e a taxa média de câmbio fique em R$ 1,72, a probabilidade de elevação dos preços desses combustíveis seria bastante reduzida. Nessas circunstâncias, ainda que o preço doméstico da gasolina no curto prazo permanecesse abaixo do "benchmark" internacional, o ano se encerraria com preço 0,2% acima da média desde a alta de junho de 2009.
No caso do diesel, o preço médio desde o último reajuste ficaria 8,1% acima do praticado no mercado de referência internacional.


WALTER DE VITTO é mestre em economia e analista do setor de energia da Tendências Consultoria Integrada.


Texto Anterior: Indústria da cana: Alta do açúcar reforça lucro dos grupos Guarani e São Martinho
Próximo Texto: Vaivém - Mauro Zafalon: Produção de álcool deve crescer 45% até 2020
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.