São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2010

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Portugueses resistem à proposta pela Vivo

Governo quer ter Portugal Telecom na Oi antes de vender Vivo à Telefónica

Acionistas da operadora portuguesa exigem que a venda à Telefónica ocorra já; oferta de espanhóis vence hoje


JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

O governo português não quer ceder à proposta da Telefónica, que pretende comprar a participação da PT (Portugal Telecom) na Vivo por 7,15 bilhões. A oferta dos espanhóis vence hoje e, até o fechamento desta edição, existia um impasse.
Em 30 de junho, 74% dos acionistas da PT concordaram em vender a Vivo à Telefónica. Mas, usando sua "golden share" (ação com poder de veto), o governo português barrou o negócio.
Acionistas minoritários da PT ameaçam ir à Justiça contra o veto. Para eles, a PT foi privatizada e o governo (que é minoritário) não pode tratá-la como se fosse estatal.
Aí está a explicação para o impasse pela Vivo. De um lado, acionistas da PT querem vendê-la imediatamente à Telefónica. De outro, o governo prefere ter a PT na Oi antes de aprovar a venda da Vivo.
A possibilidade dessa junção foi discutida em maio passado pelo primeiro-ministro português, José Sócrates, e o presidente Lula, após a proposta dos espanhóis.
A Folha revelou que, na conversa, Sócrates antecipou que usaria o veto como forma de ganhar tempo para estudar uma alternativa. Afinal, sem a Vivo, a PT perde 46% de sua receita.

PELA DEMORA
Na semana passada, chegou a ser discutida a proposta de a PT vender a Vivo à Telefónica e, depois, tornar-se sócia na nova empresa (fusão entre a Vivo e a Telefónica), como também revelou a Folha. Mas o governo português é contra, segundo envolvidos na negociação.
A Telefónica teria duas possibilidades. Uma delas seria elevar de novo a oferta, "seduzindo" os minoritários a recorrerem à Justiça por perdas e danos. A Telefónica nega que usará esse recurso.
Outra opção seria recorrer a tribunais de arbitragem para a dissolução da Brasilcel, empresa formada pela Telefónica e PT, que detém 60% da Vivo. Cada um deles participa com 30%.
Dissolvida a Brasilcel, a Telefónica iria a mercado comprar 20% mais uma das ações da Vivo, assumindo o controle da operadora.
Esse processo duraria pelo menos dois meses, e as chances de dar certo são questionáveis. O estatuto da Brasilcel prevê que, em caso de dissolução, os ativos iniciais devem ser devolvidos.
Os ativos iniciais (operadoras móveis adquiridas no período da privatização do setor de telecomunicações no Brasil) foram fundidos para formar a Vivo. Portanto, não haveria o que devolver e ambos teriam de retornar às negociações. Resultado: se os espanhóis quiserem a Vivo, terão de esperar.


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