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Portugueses resistem à proposta pela Vivo
Governo quer ter Portugal Telecom na Oi antes de vender Vivo à Telefónica
Acionistas da operadora
portuguesa exigem que
a venda à Telefónica
ocorra já; oferta de
espanhóis vence hoje
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
O governo português não
quer ceder à proposta da Telefónica, que pretende comprar a participação da PT
(Portugal Telecom) na Vivo
por 7,15 bilhões. A oferta
dos espanhóis vence hoje e,
até o fechamento desta edição, existia um impasse.
Em 30 de junho, 74% dos
acionistas da PT concordaram em vender a Vivo à Telefónica. Mas, usando sua
"golden share" (ação com
poder de veto), o governo
português barrou o negócio.
Acionistas minoritários da
PT ameaçam ir à Justiça contra o veto. Para eles, a PT foi
privatizada e o governo (que
é minoritário) não pode tratá-la como se fosse estatal.
Aí está a explicação para o
impasse pela Vivo. De um lado, acionistas da PT querem
vendê-la imediatamente à
Telefónica. De outro, o governo prefere ter a PT na Oi antes
de aprovar a venda da Vivo.
A possibilidade dessa junção foi discutida em maio
passado pelo primeiro-ministro português, José Sócrates, e o presidente Lula, após
a proposta dos espanhóis.
A Folha revelou que, na
conversa, Sócrates antecipou que usaria o veto como
forma de ganhar tempo para
estudar uma alternativa. Afinal, sem a Vivo, a PT perde
46% de sua receita.
PELA DEMORA
Na semana passada, chegou a ser discutida a proposta de a PT vender a Vivo à Telefónica e, depois, tornar-se
sócia na nova empresa (fusão entre a Vivo e a Telefónica), como também revelou a
Folha. Mas o governo português é contra, segundo envolvidos na negociação.
A Telefónica teria duas
possibilidades. Uma delas
seria elevar de novo a oferta,
"seduzindo" os minoritários
a recorrerem à Justiça por
perdas e danos. A Telefónica
nega que usará esse recurso.
Outra opção seria recorrer
a tribunais de arbitragem para a dissolução da Brasilcel,
empresa formada pela Telefónica e PT, que detém 60%
da Vivo. Cada um deles participa com 30%.
Dissolvida a Brasilcel, a
Telefónica iria a mercado
comprar 20% mais uma das
ações da Vivo, assumindo o
controle da operadora.
Esse processo duraria pelo
menos dois meses, e as
chances de dar certo são
questionáveis. O estatuto da
Brasilcel prevê que, em caso
de dissolução, os ativos iniciais devem ser devolvidos.
Os ativos iniciais (operadoras móveis adquiridas no
período da privatização do
setor de telecomunicações
no Brasil) foram fundidos
para formar a Vivo. Portanto,
não haveria o que devolver e
ambos teriam de retornar às
negociações. Resultado: se
os espanhóis quiserem a Vivo, terão de esperar.
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