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G7 deveria ser extinto, afirma "pai" do Bric
DE SÃO PAULO
Jim O'Neill é economista-chefe do Goldman Sachs, um
dos mais importantes bancos
de investimento do mundo.
Mas talvez seja mais conhecido como o "pai" do termo
Bric (acrônimo para Brasil,
Rússia, Índia e China).
Em entrevista à Folha, ele
disse que, com a emergência
dos Brics -que se tornarão
as maiores economias do
mundo em pouco mais de 20
anos-, o G7 (grupo de países
avançados) talvez devesse
deixar de existir.
Ele também afirmou que,
para atingir taxas mais altas
de crescimento de suas rendas per capita, países como
Brasil e Índia terão de atingir
"aumentos espetaculares de
produtividade".
Em troca de e-mail posterior à entrevista com a Folha,
O'Neill ressaltou que as perspectivas de progresso do Brasil não são ruins.
O economista mencionou
que o país está relativamente
bem posicionado em um ranking feito pelo banco que leva em conta fatores como estabilidade macroeconômica,
tecnologia, condições políticas e capital humano. Em
2009, o Brasil ocupou a 69ª
entre 179 países nesse ranking, na frente dos demais
Brics.
(EF)
Folha - As economias dos
Brics passarão as do G7 em
2032. Mas, em termos de renda per capita, o hiato entre
Brics e G7 seguirá grande.
Qual será o impacto disso na
agenda de discussões global?
Jim O'Neill - É um desenvolvimento interessante. Isso
faz o arcabouço institucional
global muito mais complexo.
O G7, por exemplo, deveria
talvez deixar de existir, já que
não refletirá as maiores economias. Nesse sentido, o G20
é uma opção melhor. Há assuntos muito importantes
em jogo e é muito provável
que os países dos Brics terão
muito a dizer.
Suas projeções mostram que
o Brasil, entre 73 países, permanecerá na 47ª posição em
termos de PIB per capita entre 2009 e 2032. A Índia é um
caso parecido com o brasileiro. O que explica isso?
A lógica por trás dessas
projeções é que as populações do Brasil e da Índia vão
crescer significativamente.
Eles têm uma demografia
mais jovem que a de outros
países, e, para que a renda
deles se acelere ainda mais
em termos relativos, terão de
atingir taxas de crescimento
de seus PIBs (Produto Interno Bruto) ainda maiores. Isso
vai requerer aumentos espetaculares de produtividade.
Por que alguns países do Leste Europeu e da Ásia, ao contrário da maioria das nações
da América Latina, atingirão
progresso significativo no aumento de suas rendas per capita em termos relativos?
Eu acho que no cerne dessa diferença está a produtividade, e na raiz disso está provavelmente a educação.
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