São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2010

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G7 deveria ser extinto, afirma "pai" do Bric

DE SÃO PAULO

Jim O'Neill é economista-chefe do Goldman Sachs, um dos mais importantes bancos de investimento do mundo. Mas talvez seja mais conhecido como o "pai" do termo Bric (acrônimo para Brasil, Rússia, Índia e China).
Em entrevista à Folha, ele disse que, com a emergência dos Brics -que se tornarão as maiores economias do mundo em pouco mais de 20 anos-, o G7 (grupo de países avançados) talvez devesse deixar de existir.
Ele também afirmou que, para atingir taxas mais altas de crescimento de suas rendas per capita, países como Brasil e Índia terão de atingir "aumentos espetaculares de produtividade". Em troca de e-mail posterior à entrevista com a Folha, O'Neill ressaltou que as perspectivas de progresso do Brasil não são ruins. O economista mencionou que o país está relativamente bem posicionado em um ranking feito pelo banco que leva em conta fatores como estabilidade macroeconômica, tecnologia, condições políticas e capital humano. Em 2009, o Brasil ocupou a 69ª entre 179 países nesse ranking, na frente dos demais Brics. (EF)

Folha - As economias dos Brics passarão as do G7 em 2032. Mas, em termos de renda per capita, o hiato entre Brics e G7 seguirá grande. Qual será o impacto disso na agenda de discussões global?
Jim O'Neill
- É um desenvolvimento interessante. Isso faz o arcabouço institucional global muito mais complexo. O G7, por exemplo, deveria talvez deixar de existir, já que não refletirá as maiores economias. Nesse sentido, o G20 é uma opção melhor. Há assuntos muito importantes em jogo e é muito provável que os países dos Brics terão muito a dizer.

Suas projeções mostram que o Brasil, entre 73 países, permanecerá na 47ª posição em termos de PIB per capita entre 2009 e 2032. A Índia é um caso parecido com o brasileiro. O que explica isso?
A lógica por trás dessas projeções é que as populações do Brasil e da Índia vão crescer significativamente. Eles têm uma demografia mais jovem que a de outros países, e, para que a renda deles se acelere ainda mais em termos relativos, terão de atingir taxas de crescimento de seus PIBs (Produto Interno Bruto) ainda maiores. Isso vai requerer aumentos espetaculares de produtividade.

Por que alguns países do Leste Europeu e da Ásia, ao contrário da maioria das nações da América Latina, atingirão progresso significativo no aumento de suas rendas per capita em termos relativos?
Eu acho que no cerne dessa diferença está a produtividade, e na raiz disso está provavelmente a educação.


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