São Paulo, quinta-feira, 17 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Minoritários da BrT rejeitam oferta da Oi

Proposta para adquirir papéis da Brasil Telecom e concluir fusão societária entre as operadoras foi recusada

Com isso, a Oi não poderá fechar o capital da Brasil Telecom para diminuir os custos, como pretendia fazer

ELVIRA LOBATO
DO RIO

A Oi sofreu ontem um duro revés em seus planos. Os acionistas minoritários da Brasil Telecom (BrT) rejeitaram trocar suas ações pelas da Telemar, nas condições propostas pela Oi.
Significa que a BrT continuará existindo como companhia aberta, quando o plano da Oi era fechar seu capital para diminuir custos.
As duas empresas já fizeram a fusão operacional e a decisão dos investidores não tem reflexo nesse campo.
O diretor de Relações com Investidores da Oi, Alex Zornig, disse que não cogita fazer nova proposta de troca de ações aos minoritários. ""Não temos plano B" , disse.
A Oi comprou o controle acionário da BrT em janeiro de 2009, por R$ 5,8 bilhões, mas as condições de troca das ações dos minoritários já tinham sido anunciadas em abril de 2008.
O acerto era que uma ação com direito a voto da BrT valeria 0,41 ação da nova Telemar (Oi e BrT já incorporada). Para as ações preferenciais, a paridade era de 1 BrT para 0,25 de Telemar.
As coisas se complicaram no final de 2009, quando a Oi comunicou à Comissão de Valores Mobiliários e à Bovespa que estava suspendendo a troca das ações dos minoritários porque descobrira um buraco de R$ 1,3 bilhão na provisão de perdas em ações judiciais contra a BrT.
A Oi comprou a BrT com uma provisão de perdas em ações judiciais de R$ 1,24 bilhão e o rombo foi revisto para R$ 2,53 bilhão. Com isso, na ótica da Oi, a BrT passava a valer menos.
Em março deste ano, ela propôs uma nova relação de troca ao minoritário: cada ação ordinária da BrT passava a valer 0,39 ação da Telemar. A preferencial passava a 0,219 ação da Telemar.

REJEIÇÃO
Não é a primeira vez que os acionistas controladores da Oi são derrotados pelos minoritários.
Em 2006, os investidores estrangeiros vetaram uma reestruturação societária da Telemar, em que as ações preferenciais seriam trocadas por ordinárias. Os investidores concluíram que teriam prejuízo.
A Oi definiu as bases para a compra da BrT, em abril de 2008, sem fazer uma auditoria na empresa, porque a regulamentação não permitia a fusão de duas concessionárias de telefonia fixa. Por isso, não poderia ter dados sigilosos da concorrente.
A compra só se concretizou porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou a regulamentação, via decreto, no final de 2008.
Para Alex Zornig, diretor da Oi, a votação foi liderada por investidores brasileiros. Segundo o executivo, os minoritários vão perder dinheiro a longo prazo. A Oi não poderá unificar suas ações com as da Brasil Telecom e terá de manter duas contabilidades separadas.
Analistas consideram que, com isso, ela não conseguirá obter as sinergias prometidas quando anunciou a compra da BrT. Resultado: queda das ações.


Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Serra, Dilma e a crise de Obama
Próximo Texto: Número: 4,8%
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.