São Paulo, terça-feira, 17 de agosto de 2010

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VAIVÉM

MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br

Alta externa das commodities influencia arroz

Os produtores brasileiros de arroz aguardam com atenção o desenrolar do cenário externo das commodities. A recente alta nas Bolsas, se for mantida, deverá puxar para cima os preços do arroz.
A alta do cereal no mercado externo serviria para consolidar a recuperação interna de preços e para elevar o volume das exportações.
Para Marco Aurélio Tavares, do Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), o mercado internacional de arroz deverá receber impacto tanto da seca na Europa como das enchentes na Ásia.
A seca, que afeta Europa e países ligados à antiga União Soviética, vai reduzir a safra de trigo, produto do qual o arroz pode ser substituto.
Já os efeitos climáticos que afetam a Ásia, principalmente as enchentes no Paquistão, deverão provocar redução na oferta mundial.
Há uma expectativa de quebra de safra na China, maior produtor mundial, no Paquistão, terceiro maior exportador mundial, e nas Filipinas, um dos principais importadores mundiais.
Feito o balanço dessas perdas, o arroz deverá ter valorização, segundo Tavares. Os recentes dados do Usda (Departamento de Agricultura dos EUA), "ainda cautelosos", não informam quebra nesses países, o que deverá acontecer no relatório do próximo mês, diz ele.
Uma indicação dessa mudança é a alta de preços na Tailândia. A tonelada já é negociada a US$ 480, acima dos US$ 450 das últimas semanas.
Os preços do mercado interno também reagem. A saca é negociada, em média, a R$ 27,50 no Rio Grande do Sul, ante R$ 26 de junho.
"Já a exportação surpreende", diz Tavares. Somou 230 mil toneladas de março a julho e pode superar 500 mil neste ano. A previsão do governo era de 350 mil.
A melhora de preços do arroz estimula uruguaios e argentinos a buscar países fora do Mercosul, o que "enxuga" mais o mercado interno.

Também lá A corrida por terras não ocorre apenas no Brasil e na Argentina. Pelo menos 9 milhões de hectares estão nas mãos de estrangeiros no Estados Unidos. Essas terras correspondem a 1,7% de toda a área privada do país, segundo o Usda (Departamento de Agricultura).

Onde estão A maioria dos investidores estrangeiros está em terras para floresta (59% da área), pastagens (27%) e produção de grãos (14%). Os canadenses lideram, com 3,1 milhões de hectares. Os holandeses têm 1,6 milhão.

Sustentação A dúvida agora é como as cotações da soja vão se comportar no médio e longo prazos diante da estimativa recorde de safra nos Estados Unidos, avaliam os analistas da consultoria Céleres, de Uberlândia.

Algodão Os preços internos voltaram a subir em plena safra. A disponibilidade de algodão é menor do que o esperado, segundo o Imea, de Mato Grosso.

Carnes O setor mantém recuperação nas exportações. Na primeira quinzena deste mês as vendas externas médias subiram para US$ 61,7 milhões por dia útil, 31% mais do que em 2009.

Açúcar As exportações de açúcar também têm bom desempenho. O valor médio diário foi a US$ 57 milhões, 65% mais do que em 2009. Volume e preços sustentam essa evolução no setor.


Com KARLA DOMINGUES

OLHO NO PREÇO
COTAÇÕES


Chicago

SOJA
(dólar por bushel) 10,3

MILHO
(dólar por bushel) 4,1

Nova York

CAFÉ
(centavos de dólar)* 178,7

AÇÚCAR
(centavos de dólar)* 18,94


* por libra-peso


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