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commodities
EUA vão importar carne suína do Brasil
Medida é válida apenas para produção de Santa Catarina; maiores países compradores devem seguir a decisão
Abertura do mercado é compensação oferecida pelos EUA após a vitória do Brasil no contencioso do algodão na OMC
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
Após três anos de negociação, os Estados Unidos abriram o seu mercado para a
carne suína de Santa Catarina -medida que pode influenciar outros importadores a autorizar a entrada do
produto brasileiro.
A autoridade sanitária dos
EUA publicou ontem medida
que incorpora o Estado de
Santa Catarina a uma lista de
regiões livres de febre aftosa
sem vacinação -o melhor
status sanitário.
Com isso, acaba o único
obstáculo às compras da carne catarinense. A tendência é
que os norte-americanos iniciem as importações dos suínos brasileiros em 2011.
Terceiro maior produtor de
suínos do mundo, os EUA
não devem se tornar um
grande importador da carne
nacional. Mas a notícia foi
comemorada pelo setor.
"Outros países que se baseiam na decisão americana
para a abertura de mercados
podem seguir os Estados
Unidos", disse o presidente
da BRF-Brasil Foods, José
Antonio do Prado Fay.
"Esperamos um efeito dominó. Essa autorização vai
ajudar o Brasil a exportar para três mercados relevantes
que ainda não alcançamos:
Japão, Coreia e México", afirmou o presidente da Abipecs
(associação dos produtores e
exportadores de suínos), Pedro de Camargo Neto.
Dos quatro principais importadores de carne suína, o
país hoje só vende para a
Rússia -maior destino das
exportações brasileiras.
No primeiro ano da medida em vigor, o Brasil deve
vender 10 mil toneladas de
carne suína aos EUA, com a
possibilidade de crescer em
até 40 mil toneladas por ano.
"Com esse câmbio, hoje
não estamos competitivos,
mas alguns cortes mais valorizados por lá e que hoje são
importados da Europa, como
costela, podem ter espaço",
diz Camargo Neto.
COMPENSAÇÃO
Santa Catarina obteve em
maio de 2007 o reconhecimento da OIE (Organização
Internacional de Saúde Animal) de área livre de aftosa
sem vacinação. Meses depois, o Brasil pediu aos EUA
habilitação para exportar.
O pedido ficou engavetado
até este ano, quando os EUA
decidiram incluir essa medida no pacote de compensações oferecido para que o
Brasil não retaliasse comercialmente os americanos
após a vencer o contencioso
do algodão na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Santa Catarina é vice-líder
nas exportações brasileiras
de suínos, com uma fatia de
26% do total, atrás do Rio
Grande do Sul (39%), segundo dados de janeiro a outubro. Mas, para Camargo Neto, a medida é suficiente para
impulsionar o setor.
"Outros Estados ocuparão
espaços em mercados que
podem ser deixados por Santa Catarina para atender novos países", disse.
Neste ano, a competitividade do suíno brasileiro vem
sendo prejudicada pela apreciação do real, contribuindo
para a queda de 9% nas exportações até outubro, para
462 mil toneladas.
A força do consumo doméstico, segundo a indústria, está compensando a retração no mercado externo.
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