São Paulo, quarta-feira, 17 de novembro de 2010

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commodities

EUA vão importar carne suína do Brasil

Medida é válida apenas para produção de Santa Catarina; maiores países compradores devem seguir a decisão

Abertura do mercado é compensação oferecida pelos EUA após a vitória do Brasil no contencioso do algodão na OMC

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

Após três anos de negociação, os Estados Unidos abriram o seu mercado para a carne suína de Santa Catarina -medida que pode influenciar outros importadores a autorizar a entrada do produto brasileiro.
A autoridade sanitária dos EUA publicou ontem medida que incorpora o Estado de Santa Catarina a uma lista de regiões livres de febre aftosa sem vacinação -o melhor status sanitário.
Com isso, acaba o único obstáculo às compras da carne catarinense. A tendência é que os norte-americanos iniciem as importações dos suínos brasileiros em 2011.
Terceiro maior produtor de suínos do mundo, os EUA não devem se tornar um grande importador da carne nacional. Mas a notícia foi comemorada pelo setor.
"Outros países que se baseiam na decisão americana para a abertura de mercados podem seguir os Estados Unidos", disse o presidente da BRF-Brasil Foods, José Antonio do Prado Fay.
"Esperamos um efeito dominó. Essa autorização vai ajudar o Brasil a exportar para três mercados relevantes que ainda não alcançamos: Japão, Coreia e México", afirmou o presidente da Abipecs (associação dos produtores e exportadores de suínos), Pedro de Camargo Neto.
Dos quatro principais importadores de carne suína, o país hoje só vende para a Rússia -maior destino das exportações brasileiras.
No primeiro ano da medida em vigor, o Brasil deve vender 10 mil toneladas de carne suína aos EUA, com a possibilidade de crescer em até 40 mil toneladas por ano.
"Com esse câmbio, hoje não estamos competitivos, mas alguns cortes mais valorizados por lá e que hoje são importados da Europa, como costela, podem ter espaço", diz Camargo Neto.

COMPENSAÇÃO
Santa Catarina obteve em maio de 2007 o reconhecimento da OIE (Organização Internacional de Saúde Animal) de área livre de aftosa sem vacinação. Meses depois, o Brasil pediu aos EUA habilitação para exportar.
O pedido ficou engavetado até este ano, quando os EUA decidiram incluir essa medida no pacote de compensações oferecido para que o Brasil não retaliasse comercialmente os americanos após a vencer o contencioso do algodão na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Santa Catarina é vice-líder nas exportações brasileiras de suínos, com uma fatia de 26% do total, atrás do Rio Grande do Sul (39%), segundo dados de janeiro a outubro. Mas, para Camargo Neto, a medida é suficiente para impulsionar o setor.
"Outros Estados ocuparão espaços em mercados que podem ser deixados por Santa Catarina para atender novos países", disse.
Neste ano, a competitividade do suíno brasileiro vem sendo prejudicada pela apreciação do real, contribuindo para a queda de 9% nas exportações até outubro, para 462 mil toneladas.
A força do consumo doméstico, segundo a indústria, está compensando a retração no mercado externo.


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