São Paulo, sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

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Habitação ganha impulso com pacote

Bancos poderão utilizar melhor os recursos captados na caderneta de poupança para financiar a casa própria

Secretário-adjunto da Fazenda, porém, ainda vê entraves para que medidas impulsionem mais o mercado

TATIANA RESENDE
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

O financiamento habitacional pode ganhar novo impulso com o pacote de incentivo ao crédito de longo prazo. Uma das medidas permitirá aos bancos fazer mais empréstimos utilizando os recursos da poupança.
Atualmente, as instituições financeiras são obrigados a direcionar 65% dos depósitos da caderneta para financiar a casa própria.
Quando não conseguem atingir esse patamar, a parte que falta é recolhida como depósito compulsório no Banco Central.
Se o banco "vende" parte desses empréstimos para reciclar os recursos, corre o risco de ser obrigado a recolher mais dinheiro ao BC.
A novidade é que as instituições terão agora 36 meses para "diluir" o impacto de créditos vendidos antes de ficarem desenquadradas.
"É um estímulo para o banco que não fazia isso [vender parte dos empréstimos] entrar nesse mercado e criar uma alternativa estratégica de captação [de dinheiro]", afirma Fernando Brasileiro, presidente da Cibrasec, maior securitizadora do país.
Para Dyogo de Oliveira, secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a medida fortalece esse mercado, mas ainda há dois grandes entraves.
O primeiro é o desinteresse dos bancos em se desfazer de empréstimos rentáveis.
O outro é convencer os aplicadores a optar por esse título, mesmo tendo papéis de longo prazo com retorno maior no mercado.

DILUIÇÃO
Os empréstimos vendidos só podem ser considerados por três anos nas contas para efeito de enquadramento nas regras e, ainda assim, com redução de 1/36 a cada mês.
Segundo Oliveira, o período e a gradação para a diluição foram definidos para elevar o tamanho dos lotes.
Na avaliação de João Crestana, presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação), o pacote é muito oportuno ao estimular os bancos a buscar alternativas de recursos para financiar a habitação, além de FGTS e poupança.
Líder em financiamento habitacional no país, a Caixa Econômica Federal havia anunciado que faria ainda neste ano a primeira operação de venda de empréstimos para testar o apetite do mercado de capitais por esses papéis. Essa emissão inicial era estimada em R$ 500 milhões, de acordo com Jorge Hereda, vice-presidente de Governo do banco federal.
Procurados, Caixa e Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) não se pronunciaram ontem.
Os números comprovam a expansão acelerada dos empréstimos com recursos da poupança. Entre janeiro e outubro, os financiamentos somaram R$ 44,9 bilhões, 69% a mais do que no mesmo período de 2009 e mais do que o dobro do valor contabilizado em todo o ano de 2007.


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