São Paulo, sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

China investe US$ 16 bi em parcerias com a Índia

Chineses superam norte-americanos em contratos com vizinhos e rivais

Na Índia, Wen Jiabao declarou que busca, no "século asiático", o rejuvenescimento das antigas civilizações

France Presse
O líder chinês Wen Jiabao acena ao ser recebido pelo primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, ontem, em Nova Déli

JAMES LAMONT
JAMIL ANDERLINI

DO "FINANCIAL TIMES"

A China lançou uma iniciativa financeira ousada para aprofundar sua relação econômica com a vizinha Índia, tentando reforçar os laços frequentemente contenciosos entre as duas economias mundiais que crescem em ritmo mais acelerado.
Na primeira visita à Nova Déli em cinco anos, o líder chinês Wen Jiabao disse que a delegação de 300 empresários que o acompanhou fechou contratos no valor de US$ 16 bilhões (R$ 27 bilhões) com parceiros indianos, subscritos por financiamentos de bancos chineses.
Somando-se aos US$ 10 bilhões em pedidos de empresas americanas que coroaram a visita do presidente dos EUA, Barack Obama, à Índia no mês passado, os quase 50 acordos concluídos ressaltam as ambições de Wen de intensificar o comércio e os investimentos trans-Himalaia.

MUNDO ANTIGO
Wen exortou líderes dos dois países, cuja população conjunta chega a 2,5 bilhões de pessoas, a deixar suas rivalidades de lado e, usando os negócios, aproveitar a oportunidade de promover "o rejuvenescimento de duas civilizações antigas".
Ele disse a líderes empresariais na capital indiana: "O século 21 é o século asiático. É também o século em que China e Índia poderão alcançar grandes realizações".
O engajamento econômico mais amplo entre os dois países é liderado por acordos de financiamento entre o Banco de Desenvolvimento da China e grandes empresas indianas como Reliance Communications, Icici, Essar e IDBI. Entre outros grupos financeiros que buscam ampliar seus negócios com a Índia estão o Banco Industrial e Comercial da China e o Banco da China.
A Reliance Communications, que faz parte do império controlado por Anil Ambani e está onerada por dívidas, deve ganhar, de bancos chineses, financiamento de baixo custo de aproximadamente US$ 2 bilhões.

INTERCÂMBIO BANCÁRIO
O estatal Banco de Desenvolvimento da China quer converter-se em instituição de crédito comercial movida pelo mercado, mas continua a exercer um papel político como instrumento-chave da política externa de Pequim. A liderança chinesa frequentemente recorre ao banco para fornecer crédito barato para os projetos favoritos do Partido Comunista, dentro e fora da China.
Nos últimos meses, o banco emprestou dinheiro a um banco chinês, a uma mina de platina sul-africana, a projetos romenos de energia eólica e a portos de mineração na Austrália -isso sem falar em oferecer US$ 20 bilhões à Venezuela e US$ 1 bilhão a Angola, para garantir o abastecimento de óleo da China.
Autoridades indianas disseram que um pacto de serviços financeiros está ao cerne da visita de três dias de Wen Jiabao à Índia. Enquanto bancos indianos operam na China, bancos chineses não têm presença semelhante na Índia, a terceira maior economia da Ásia.
Wen disse que promoveu medidas para fomentar os negócios entre centros financeiros, como Mumbai e Xangai, e que visualiza a abertura "de agências de bancos de cada país no outro país".
Ele disse ainda que as conversas com o premiê indiano, Manmohan Singh, têm como objetivo negociar um pacto comercial regional.

Tradução de CLARA ALLAIN


Texto Anterior: GVT terá serviços em mais duas cidades de São Paulo em 2011
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.