São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2011

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RODOLFO LANDIM

Sete vidas para a indústria naval


Vários subfornecedores, produtores de equipamentos em todo o Brasil, serão beneficiados


UM TERMO genérico muito utilizado na indústria do petróleo é plataforma. Na realidade, esse nome engloba diferentes tipos de grandes estruturas, quase sempre metálicas, onde são instalados diversos equipamentos, usadas na exploração e na produção de petróleo no mar.
As plataformas são basicamente de dois tipos. As plataformas de perfuração, também chamadas de sondas marítimas, têm a finalidade, como o próprio nome sugere, de perfurar poços. Já as plataformas de produção são utilizadas para permitir extração, processamento e exportação de óleo e gás natural para a costa, podendo ainda, em alguns casos, servir também para a armazenagem temporária de óleo no mar.
As plataformas de produção são projetadas, na maioria dos casos, para ficar estáticas e dedicadas a um único projeto ao longo da sua vida útil. Isso ocorre porque a otimização das plantas de processamento e dos equipamentos nela instalados varia, com características que são específicas de cada projeto.
No caso das plataformas de perfuração, dois conceitos devem normalmente estar presentes: mobilidade e flexibilidade. A razão por trás dessa necessidade é que elas são projetadas para perfurar vários poços em diferentes locais e com profundidades, condições geológicas e de mar também distintas.
São equipamentos essencial- mente nômades, que podem es- tar hoje trabalhando na platafor- ma continental brasileira, no ano que vem no oeste da África e no seguinte no golfo do México.
Diferentemente das plataformas de produção, que normalmente são encaradas pelas companhias de petróleo como ativos diretamente ligados ao seu negócio, as plataformas de perfuração são, na maioria das vezes, propriedade de companhias prestadoras de serviços.
A Petrobras sempre buscou, ao longo de sua história, incentivar a indústria naval brasileira através da construção de plataformas de produção, ou pelo menos de boa parte delas, no país.
Nos anos 70 e 80, período áureo do desenvolvimento dos campos de petróleo localizados em lâminas d'água rasas, as jaquetas -estruturas metálicas das plataformas- foram construídas no país.
Mesmo quando o foco nos anos 90 migrou para águas profundas, a maior parte dos serviços de conversão de velhos navios e plataformas de perfuração em modernas unidades de produção foi execu- tada nos estaleiros nacionais, apesar dos inúmeros problemas fi- nanceiros e de produtividade que estes apresentavam.
A novidade é que, devido à grande quantidade de poços que deverão ser perfurados para a exploração e o desenvolvimento do pré-sal, o que exigirá a dedicação integral de vários equipamentos de perfuração atuando naquela área por décadas, a Petrobras resolveu pela primeira vez organizar processos licitatórios para a construção de plataformas de perfuração no Brasil, algo que impulsionará tremendamente a indústria naval brasileira.
O plano de contratação é ousado. Ele prevê a construção de 28 novas plataformas. A estruturação financeira do projeto foi cuidadosamente trabalhada e já está definida para as sete primeiras.
Elas pertencerão a uma empresa com o sugestivo nome de Sete Bra- sil S.A., da qual a Petrobras terá uma participação de apenas 10% do capital, sendo os 90% restan- tes destinado ao chamado FIP Sondas, fundo de investimentos com inúmeras participações.
O BNDES irá financiar boa parte da parcela gasta em reais e é esperada a participação de agências de fomento de outros países no financiamento de equipamentos produzidos no exterior.
Para ter uma idéia do tamanho do investimento, o custo da construção será de US$ 4,64 bilhões so- mente para as primeiras sete unidades, as quais serão construídas no estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco. Mas os benefícios não fica- rão restritos àquela região. Vá- rios subfornecedores, produtores de equipamentos, em todo o Brasil, serão beneficiados.
O número sete já nos faz lembrar os mares e as maravilhas do mundo. Que essa nova Sete seja bem-vinda e a primeira de várias outras ini- ciativas do gênero.

RODOLFO LANDIM, 53, engenheiro civil e de petróleo, é presidente da YXC Oil & Gas e sócio-diretor da Mare Investimentos. Trabalhou na Petrobras, onde, entre outras funções, foi diretor-gerente de exploração e produção e presidente da Petrobras Distribuidora. Escreve quinzenalmente, às sextas-feiras, nesta coluna.

AMANHÃ EM MERCADO:
Kátia Abreu


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