São Paulo, sábado, 18 de junho de 2011

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Sob pressão, plano de negócios da Petrobras é adiado

Direção da estatal e governo discordam sobre o valor dos investimentos e o reajuste dos combustíveis

Petrobras quer ampliar recursos para aplicar no pré-sal, enquanto Planalto teme impacto dos gastos na inflação

PEDRO SOARES
DO RIO

Ainda não foi desta vez que a novela para aprovar o novo plano de negócios da Petrobras teve fim. Ontem, o Conselho de Administração determinou novos ajustes no programa de investimentos para 2011 a 2015.
O ponto de discordância, apurou a Folha, foi o valor apresentado. O governo, controlador da empresa e dono da maioria dos assentos no colegiado, quer investimentos em linha com os do plano atual -US$ 224 bilhões de 2010 a 2014.
A direção da estatal, no entanto, defende cifras maiores diante da necessidade de desenvolver o pré-sal e de investir em novas refinarias -cuja capacidade de produção já está no limite. A companhia teria apresentado algo próximo a US$ 250 bilhões em investimentos.
Foi a segunda vez que o conselho rejeitou o plano. Em maio, o colegiado já havia solicitado ajustes.
Reunidos ontem em São Paulo, os conselheiros determinaram mudanças no plano. Discutiram ainda alguns investimentos incluídos no programa. O órgão é presidido pelo ministro Guido Mantega (Fazenda).

INFLAÇÃO
Uma das preocupações do governo é com o impacto na inflação. Isso porque um programa de investimentos de tal monta tem o poder de dinamizar a economia num cenário de demanda já aquecida, que tende a persistir em 2012. O plano da Petrobras até 2014 representa 6% do PIB do país em 2010.
Outro ponto discutido foram as premissas embutidas no plano sobre a evolução dos preços dos combustíveis.
O governo rejeita a ideia de reajustes por conta da repercussão negativa na inflação -cujo cenário, ao menos até 2012, segue complicado.
A Petrobras defende o aumento dos combustíveis, a ser compensado por uma redução da Cide (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico). O governo refuta essa opção para não perder arrecadação no momento de corte do Orçamento.
Em nota, a estatal afirmou apenas que o conselho solicitou "estudos adicionais". O colegiado deve voltar a apreciar o plano no final de julho.
Em maio, após o plano ser rejeitado, o presidente do BNDES e conselheiro da Petrobras, Luciano Coutinho, disse que Mantega havia pedido um plano "mais realista, menos agressivo, sem excessos" e com foco "na eficiência". Na ocasião, Coutinho disse que o plano era "ambicioso" e difícil de ser implementado.
"Nós colocamos pressão para a gestão ser muito eficiente porque, se você não for eficiente em utilizar o Capex [investimento em capital], a taxa de retorno em muitos projetos vai cair."


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