São Paulo, sábado, 18 de junho de 2011

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Trabalhadores são maltratados na usina de Jirau, diz procurador

Construtora Camargo Corrêa nega o episódio; caso vai à Justiça

FELIPE LUCHETE
DE BELÉM

Sete operários da usina de Jirau, em Rondônia, foram trancados por seis horas em uma sala por seguranças da construtora Camargo Corrêa e policiais da Força Nacional de Segurança, segundo o Ministério Público do Trabalho.
O relato é do procurador Éder Sivers. Ele diz ter testemunhado a situação, "que beira o cárcere privado", no dia 10, quando visitou o canteiro de obras da usina.
O Ministério Público do Trabalho pedirá à Justiça que a Camargo Corrêa pague indenização por danos morais e vai encaminhar ofício ao Ministério Público Estadual para responsabilização penal. A empresa nega que o episódio tenha ocorrido.
"Vimos, fotografamos, gravamos, tomamos depoimentos. A empresa tem o direito de negar os fatos. A Justiça vai decidir quem tem razão", afirmou Sivers.
Segundo o procurador, os sete trabalhadores foram levados à sala de um ambulatório no canteiro de obras e acusados pelos seguranças de terem incendiado parte das instalações durante a revolta que ocorreu em março.
Eles disseram que, na sala, foram obrigados a identificar, em fotos, colegas do tumulto, segundo Sivers.
O procurador afirmou que, no dia 10, viu uma "movimentação estranha" no canteiro e encontrou os trabalhadores trancados, sem comida e sem seus pertences pessoais, por quase seis horas.

REVOLTA
Após a revolta, em março, que resultou na destruição do canteiro, cerca de 6.000 dos 19 mil operários da obra voltaram a seus Estados de origem. As obras foram retomadas em abril.
O pernambucano Edinaldo Vieira da Silva, 21, afirmou à Folha que havia chegado a Porto Velho no dia 9, após receber carta de convocação da empresa. Ele queria voltar a trabalhar.
Enquanto esperava a balsa que o levaria ao alojamento, seis homens, alguns armados, o levaram à sala, com um irmão e colegas.
Segundo Silva, eles foram chamados de "marginais" e ameaçados de ir para a cadeia. "Passaram um DVD para ver se a gente conhecia alguém que estava na rebelião. A gente só conhecia uns colegas, de vista, não sabia de nada." Ele negou ter participado da rebelião.


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