|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
commodities
Busca por segurança faz ouro bater recorde
Preço se aproxima de US$ 1.300 em Londres com maior procura de investidores e bancos centrais pelo metal
Maior demanda para fabricação de joias e eletroeletrônicos também contribui para elevar as cotações
Pedro Lobo - 15.ago.07/Bloomberg
![](../images/b1809201001.jpg) |
|
Trabalhadores em mina de ouro da Anglo Gold Ashanti
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
Incertezas em relação à
economia mundial, fraqueza
do dólar e afrouxamento da
política monetária em países
ricos têm levado o preço do
ouro a bater recorde.
O metal atingiu a maior cotação da história ontem, ao
bater US$ 1.282 por onça-troy
(31,1 gramas) no mercado à
vista de Londres. Só nesta semana, a commodity acumulou ganho de 3%. No ano, ela
se valorizou em 17%.
O rali é atribuído principalmente ao aumento da demanda pelo mercado financeiro. "O ouro está sendo visto como o único ativo seguro
neste momento", diz Michael
McDougall, analista da
Newedge, corretora especializada em commodities, com
sede em Nova York.
A desvalorização do dólar,
a baixa remuneração dos títulos do Tesouro americano e
a volatilidade do iene -após
mudanças na política monetária do Japão- contribuem
para a alta do preço do metal,
que deve continuar subindo.
A consultoria britânica especializada em metais GFMS
estimou, em relatório divulgado nesta semana, que o
ouro será "confortavelmente" negociado acima de
US$ 1.300 até o fim de 2010.
Isso representaria uma valorização de 20% em relação
ao início deste ano. "No mercado, já se fala em US$ 1.500
a onça-troy em 2012", afirma
McDougall, da Newedge.
"O ouro apresenta uma valorização progressiva nos últimos sete anos e não há
perspectiva de retorno para o
patamar do início da década,
de US$ 300 a onça-troy",
acrescenta Écio Morais, diretor do IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais).
PADRÃO-OURO
Os bancos centrais de diferentes países também estão
ajudando o ouro a fortalecer
a sua reputação como ativo
seguro em períodos de turbulência econômica.
Segundo projeção da
GFMS, bancos centrais e organizações internacionais,
como o FMI, devem se tornar,
pela primeira vez desde 1988,
compradores líquidos de ouro neste ano.
O saldo entre compras e
vendas deve ser positivo em
15 toneladas.
Na semana passada, por
exemplo, surgiram informações de que Bangladesh
comprou 10 toneladas do
metal precioso.
Esse movimento interrompe uma tendência verificada
desde o final dos anos 80,
quando os BCs começaram a
liquidar posições em ouro.
Agora, com os problemas
fiscais em nações desenvolvidas e o enfraquecimento do
dólar, aumenta o interesse de
alguns países em usar o ouro
para compor as reservas.
Em 2007, BCs globais venderam 484 toneladas de ouro. No ano seguinte, eles se
desfizeram de 232 toneladas
da commodity e, em 2009, de
apenas 30 toneladas, segundo o World Gold Council, organização internacional do
setor. Em 2010, voltam a ser
compradores.
FUNDAMENTOS
Apesar de o mercado financeiro apresentar um peso
maior na formação dos preços do ouro, devido à sua dinâmica, a relação entre oferta e demanda do metal no
mundo também contribui
para a valorização.
Mesmo com o estímulo de
preços mais altos nos últimos
anos, a produção global de
ouro das minas cresceu apenas 2,4% no primeiro semestre, atingindo 1.251 toneladas, segundo a GFMS.
Já a demanda industrial
por ouro cresceu 22% no
mesmo período, impulsionada pela recuperação do setor
eletroeletrônico e pelo surgimento de novas tecnologias.
Além disso, o aumento do
poder de compra em países
em desenvolvimento, especialmente na Índia, impulsiona a indústria de joias.
No primeiro semestre, a
demanda por ouro para a
produção de joias em todo o
mundo aumentou 24% em
relação ao mesmo período de
2009 -um avanço significativo, apesar da base fraca de
comparação.
Texto Anterior: Folha.com Próximo Texto: E eu com isso? Índice | Comunicar Erros
|