São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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commodities

Busca por segurança faz ouro bater recorde

Preço se aproxima de US$ 1.300 em Londres com maior procura de investidores e bancos centrais pelo metal

Maior demanda para fabricação de joias e eletroeletrônicos também contribui para elevar as cotações


Pedro Lobo - 15.ago.07/Bloomberg
Trabalhadores em mina de ouro da Anglo Gold Ashanti

TATIANA FREITAS

DE SÃO PAULO

Incertezas em relação à economia mundial, fraqueza do dólar e afrouxamento da política monetária em países ricos têm levado o preço do ouro a bater recorde.
O metal atingiu a maior cotação da história ontem, ao bater US$ 1.282 por onça-troy (31,1 gramas) no mercado à vista de Londres. Só nesta semana, a commodity acumulou ganho de 3%. No ano, ela se valorizou em 17%.
O rali é atribuído principalmente ao aumento da demanda pelo mercado financeiro. "O ouro está sendo visto como o único ativo seguro neste momento", diz Michael McDougall, analista da Newedge, corretora especializada em commodities, com sede em Nova York.
A desvalorização do dólar, a baixa remuneração dos títulos do Tesouro americano e a volatilidade do iene -após mudanças na política monetária do Japão- contribuem para a alta do preço do metal, que deve continuar subindo.
A consultoria britânica especializada em metais GFMS estimou, em relatório divulgado nesta semana, que o ouro será "confortavelmente" negociado acima de US$ 1.300 até o fim de 2010.
Isso representaria uma valorização de 20% em relação ao início deste ano. "No mercado, já se fala em US$ 1.500 a onça-troy em 2012", afirma McDougall, da Newedge.
"O ouro apresenta uma valorização progressiva nos últimos sete anos e não há perspectiva de retorno para o patamar do início da década, de US$ 300 a onça-troy", acrescenta Écio Morais, diretor do IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais).

PADRÃO-OURO
Os bancos centrais de diferentes países também estão ajudando o ouro a fortalecer a sua reputação como ativo seguro em períodos de turbulência econômica.
Segundo projeção da GFMS, bancos centrais e organizações internacionais, como o FMI, devem se tornar, pela primeira vez desde 1988, compradores líquidos de ouro neste ano.
O saldo entre compras e vendas deve ser positivo em 15 toneladas.
Na semana passada, por exemplo, surgiram informações de que Bangladesh comprou 10 toneladas do metal precioso.
Esse movimento interrompe uma tendência verificada desde o final dos anos 80, quando os BCs começaram a liquidar posições em ouro.
Agora, com os problemas fiscais em nações desenvolvidas e o enfraquecimento do dólar, aumenta o interesse de alguns países em usar o ouro para compor as reservas.
Em 2007, BCs globais venderam 484 toneladas de ouro. No ano seguinte, eles se desfizeram de 232 toneladas da commodity e, em 2009, de apenas 30 toneladas, segundo o World Gold Council, organização internacional do setor. Em 2010, voltam a ser compradores.

FUNDAMENTOS
Apesar de o mercado financeiro apresentar um peso maior na formação dos preços do ouro, devido à sua dinâmica, a relação entre oferta e demanda do metal no mundo também contribui para a valorização.
Mesmo com o estímulo de preços mais altos nos últimos anos, a produção global de ouro das minas cresceu apenas 2,4% no primeiro semestre, atingindo 1.251 toneladas, segundo a GFMS.
Já a demanda industrial por ouro cresceu 22% no mesmo período, impulsionada pela recuperação do setor eletroeletrônico e pelo surgimento de novas tecnologias.
Além disso, o aumento do poder de compra em países em desenvolvimento, especialmente na Índia, impulsiona a indústria de joias.
No primeiro semestre, a demanda por ouro para a produção de joias em todo o mundo aumentou 24% em relação ao mesmo período de 2009 -um avanço significativo, apesar da base fraca de comparação.


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