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Petrobras revê plano para novas refinarias
Consumo maior de combustível faz empresa direcionar produção ao mercado interno
PEDRO SOARES
DO RIO
O forte crescimento do
consumo de combustíveis
neste ano -na faixa inédita
de 10%- fez a Petrobras mudar os planos para refinarias
em construção no Nordeste.
As unidades do Maranhão
e do Ceará, projetadas para
enfatizar a exportação, vão
suprir o mercado interno.
Pela primeira vez, em 2010
a expansão do consumo superou a do PIB. Para a estatal, a tendência será mantida
nos próximos anos. Calcula
que a economia crescerá, em
média, 4,1% até 2014, ante
alta de 5% do consumo.
Até então, o crescimento
do consumo oscilava em torno de 50% a 60% da variação
do PIB.
"A classe D virou C e a classe C virou B. As pessoas estão
comendo mais, comprando
mais produtos e viajando
mais. Tudo isso demanda
transporte e combustíveis",
disse Paulo Roberto Costa,
diretor de abastecimento da
Petrobras.
O consumo de quase todos
os derivados cresceu no acumulado do ano até outubro.
O diesel teve alta de 10% -o
que obrigou a estatal a ampliar a importação do produto de 60 mil barris/dia em
2009 para 168 mil em 2010.
No caso da gasolina, a demanda aumentou 19% -por
causa dos elevados preços do
álcool no começo do ano, o
que levou à substituição do
combustível nos carros flex.
A popularização das viagens aéreas fez subir as vendas de querosene de aviação
em 15%.
Com esses aumentos, a capacidade de refino da Petrobras (1,8 milhão de barris por
dia) ficou, pela primeira vez,
abaixo do consumo de combustíveis (1,9 milhão barris
por dia), o que mostra a necessidade de investimento
em novas refinarias, segundo Costa.
O diretor rebate as críticas
de especialistas de que a estatal deveria focar seus investimentos em exploração e
produção de óleo em razão
das baixas margens de lucro
do refino.
Ele argumenta que 85% do
faturamento da Petrobras
provém do mercado doméstico -e, sem os investimentos
em novas refinarias, não haverá como atendê-lo.
A área de refino e transporte da Petrobras receberá investimentos de R$ 79 bilhões
de 2010 a 2014 -37% do total
de investimentos.
A previsão é que a primeira fase da refinaria do Maranhão comece em 2014, com a
produção de 300 mil barris
por dia. A capacidade será
dobrada em 2016. A unidade
do Ceará (300 mil barris por
dia) está prevista para 2017.
Segundo Costa, os indicadores apontam que não haverá excedente para exportação dessas refinarias.
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