São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

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commodities

Crise nuclear estimula uso do petróleo

Japão deve acionar térmicas movidas a óleo para compensar menor geração de energia por usinas atômicas

Para analistas, no longo prazo demanda cresce com revisão de planos estratégicos, o que deve manter os preços altos

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

Os efeitos do terremoto no Japão e da crise nuclear sobre o setor de energia devem elevar a demanda por petróleo e contribuir para manter alto o preço da commodity.
Segundo Greg Priddy, analista de petróleo da consultoria norte-americana Eurasia Group, usinas térmicas movidas a óleo que estavam desativadas no Japão podem ser acionadas para compensar a paralisação de usinas nucleares. "Isso pode elevar os preços do óleo leve", afirma.
As térmicas respondem por 67% da capacidade de geração de energia do Japão, segundo maior consumidor mundial de petróleo, de acordo com dados da IEA (Agência Internacional de Energia). Dessa fatia, 10% são movidas a óleo e praticamente todas são acionadas somente em momentos de pico da demanda japonesa.
Priddy pondera, no entanto, que o impacto imediato do acionamento das térmicas a óleo pode ser anulado por uma retração econômica no Japão. Por outro lado, a reflexão mundial sobre o uso da energia nuclear deve estimular o uso do petróleo.
"Todos os países vão repensar seus planos estratégicos de energia e, mesmo se a opção pela energia nuclear permanecer, o seu custo vai subir, pois haverá mais investimentos em segurança", afirma Taís Zara, economista da Rosenberg. "Haverá um estímulo para o uso de outras fontes, como o petróleo."
Os analistas do banco de investimentos Barclays calculam que, se os 12 GW de capacidade das usinas nucleares japonesas fossem substituídos por óleo, haveria demanda adicional de 250 mil barris por dia -quase a produção mensal da Petrobras no Espírito Santo, segundo maior Estado produtor.
"Apesar da percepção do mercado de que o evento reduz a demanda por causa de térmicas danificadas, perda de capacidade da indústria petroquímica e desaceleração no refino, acreditamos que o impacto de longo prazo será positivo para a demanda", afirma a equipe de análise do Barclays, em relatório.
Ontem, o petróleo recuou 0,84%, com o barril do Brent cotado a US$ 113,93. Na semana, após altos e baixos, o preço permaneceu estável.
A retração foi provocada pelo anúncio de cessar-fogo na Líbia, mas analistas estão céticos em relação ao fim da tensão política no Oriente Médio. A expectativa é de volatilidade (valorizações e desvalorizações bruscas), com os preços em torno do patamar atual.


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