São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2011

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Bunge vai investir US$ 2,5 bi em etanol

Mais da metade do investimento será destinada ao plantio e à renovação de canaviais e à compra de máquinas

Companhia pretende ampliar em 50% a capacidade de produção nas suas oito usinas de açúcar e de etanol

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Uma das maiores processadoras de alimentos do país, a Bunge Brasil anunciou ontem um investimento de US$ 2,5 bilhões (R$ 3,95 bilhões) em aumento de capacidade de produção de açúcar, etanol e energia elétrica.
Cerca de 55% desse total será destinado à parte agrícola: plantio e renovação de canaviais, aquisição de máquinas, entre outros.
O anúncio acontece um dia depois de a Petrobras -em meio a críticas sobre a falta de capacidade do setor de atender a demanda pelo etanol- divulgar investimentos de R$ 520,7 milhões em Goiás em parceria com o grupo São Martinho.
Desde a crise de 2008, praticamente não foi feito nenhum grande investimento em plantio e ampliação de capacidade no setor. A crise pegou diversas usinas com alto endividamento, e muitas entraram em recuperação judicial ou foram vendidas.
O plano de investimentos da Bunge, anunciado pelo presidente mundial da companhia, Alberto Weisser, em reunião de duas horas com a presidente Dilma Rousseff e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em São Paulo, compreende os anos de 2012 a 2016.
Ele deverá ampliar em 50% a capacidade de processamento de cana-de-açúcar das oito usinas do grupo -de 21 milhões de toneladas para 30 milhões de toneladas.
Segundo o presidente da Bunge Brasil, Pedro Parente, os investimentos em plantio e renovação de canaviais deverão acompanhar a ampliação da capacidade de moagem.
Atualmente, as usinas operam aquém da capacidade por falta de cana. "Os investimentos que estamos fazendo neste ano já nos permitirão alcançar a capacidade atual de moagem."
Entre expansão de novas áreas e renovação de canaviais, só em 2011 serão 70 mil hectares, dos quais 50 mil hectares de área própria.
Mesmo com esse investimento, Parente não descarta a possibilidade de importar etanol de milho das usinas do Grupo Bunge nos EUA.
Segundo o executivo, a ampliação de capacidade até 2016 visa atender o mercado doméstico, mas também poderá ter como destino o exterior.
"Temos flexibilidade de atuar nas duas pontas, exportando ou importando, de acordo com a necessidade de cada mercado", diz Parente.
No encontro de ontem à tarde, Parente diz que a presidente Dilma demonstrou preocupação em manter um suprimento regular de etanol para não abalar a confiança do consumidor.

COGERAÇÃO
O investimento anunciado ontem elevará em seis vezes a cogeração de energia do Grupo Bunge.
Quando estiver em plena capacidade, a energia gerada será capaz de atender a demanda de uma cidade de 4 milhões de habitantes.
Hoje, a Bunge consome cerca de 700 GWh por ano em suas operações.
A intenção é tornar-se autossuficiente até 2014 e comercializar o excedente.


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