São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2010

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País enfrenta competição chinesa no exterior

JULIANA ROCHA
MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA

A desvalorização artificial do câmbio e a eficiência do seu parque industrial permitem à China abocanhar mercado em países que são tradicionais compradores de produtos brasileiros.
Representantes da indústria reclamam da competição crescente dos chineses nos Estados Unidos e na América Latina, em especial na Argentina.
Embora o Brasil seja o principal fornecedor dos argentinos, os chineses já exportam mais eletrônicos e produtos químicos ao país vizinho. Esses são setores importantes na pauta de exportações do Brasil porque têm alto valor agregado e um preço mais estável.
O Brasil adota medidas para proteger a invasão dos chineses em território nacional. Das ações de defesa comercial hoje em vigor, chamadas de antidumping, 40% são contra os chineses.
A proteção no mercado interno não se repetirá quando o assunto é a perda de clientes no exterior. O governo brasileiro vai ficar de fora do coro internacional para que a China valorize sua moeda.
A Folha apurou que a opinião entre os diplomatas é que, se o Brasil não tem condições de bater o inimigo, deve se unir a ele.
A mudança na cotação do yuan faria a China perder competitividade e devolveria ao Brasil parte dos mercados perdidos. Mas, na avaliação tanto de empresários quanto do governo, a inversão do câmbio chinês seria fatal para a balança comercial.
Se a China deixar de controlar o yuan, o preço das commodities no mercado internacional vai cair, prevê José Augusto de Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
A China é o maior consumidor mundial desses produtos e capaz de influenciar os preços com a mudança no câmbio. O Brasil, que hoje exporta mais commodities que produtos industriais, seria prejudicado.

SETORES
Além da indústria de eletrônicos, químicos e peças, os fabricantes de calçados se queixam da concorrência chinesa no exterior.
Em 2003, a indústria brasileira era responsável por mais de 79% das importações argentinas de calçados, fatia reduzida a 57,5% no primeiro trimestre deste ano. No mesmo período, a participação chinesa passou de 12,5% para 23%.


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